Quando o artista norte-americano William Utermohlen foi diagnosticado com a doença de Alzheimer, em 1995, ele decidiu fazer melhor uso do seu tempo e da memória limitada. Começou então a usar sua arte para compreender-se melhor e por cinco anos fez retratos de si mesmo antes que se esquecesse completamente a arte do desenho. |
Através desta série única de auto-retratos, os espectadores podem observar o avanço da demência do artista. À medida que a terrível doença toma o controle de sua mente, seu mundo começa a se inclinar e suas perspectivas são achatadas. Os detalhes em suas pinturas parecem derreter e se tornam formas mais abstratas. Às vezes, ele estava ciente das falhas técnicas em seu trabalho, mas simplesmente não conseguia descobrir uma maneira de como corrigi-las.
- "A sensação espacial foi paulatinamente se perdendo, e eu acho que ele sabia", disse Patricia Utermohlen, a esposa de William e professora de história da arte. - "Nestas fotos vemos seus esforços, de partir o coração, para explicar a deterioração gradual da sua mente, seus medos e sua tristeza. Quando começou a ficar doente, ele passou a desenhar a cada minuto do dia."
As pinturas foram posteriormente estudadas por um psicanalista, que descreveu-as como um retrato da tristeza, ansiedade, resignação e sentimentos de vergonha.
William parou de pintar em 2000, quando foi transferido para uma casa de repouso. Ali permaneceu até sua morte em 2007, com a idade de 74. Ironicamente, seu trabalho recebeu mais reconhecimento depois que deixou de pintar. Mais do que quando estava no ápice de sua carreira. Seus auto-retratos e outras pinturas foram exibidas em várias cidades ao redor do mundo. E seus valores alcançaram a estratosfera.
- "Ele sempre foi uma pessoa fora de seu tempo", disse Patricia. - "Ele nunca se deu bem com horários e com o que estava acontecendo a sua volta. É tão estranho ser reconhecido por algo que você está fazendo quando você está muito doente. Eu costumo dizer que William morreu em 2000, porque ele não podia fazer mais o que tanto amava. Na verdade, ele morreu em 2007, mas já não era ele mais ele então".
Segundo especialistas, a doença de Alzheimer afeta, sobretudo, o lobo parietal direito, responsável pela combinação das impressões relacionadas à forma, à textura, ao peso e a localização do nosso corpo no espaço. Muito possivelmente foi isso que levou a que sua arte se tornasse mais abstrata, com imagens borradas e vagas, mais surrealista, um documento do tumulto emocional de um artista assistindo sua mente escapar dele pouco a pouco.
1996
1997
1997
1998
1999
2000
Fonte: William Utermohlen via Viral Nova.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Triste :-(
Curioso.
Triste.