Professor de arte por profissão, Renato hoje também desempenha as funções de policial, jardineiro, zelador e membro da família real de seu próprio país.
- "Eu sou o que eu quero ser - que é o sonho de todos, não é mesmo?", disse ele. - "Se eu decidir que quero ter uma canção nacional, eu posso escolher, e posso mudá-la a qualquer momento. O mesmo com a minha bandeira, que poderia ser azul hoje, amanhã vermelha. É claro que o meu poder é único e absoluto aqui, onde eu sou o verdadeiro soberano".
Renato teve a chance de comprar a ilha 14 anos atrás, quando uma família britânica abastada queria vendê-la por 25 mil euros (78 mil reais), porque não tinha nenhuma utilidade para eles. Ninguém queria comprá-la, mas quando Renato ouviu falar da oportunidade em uma festa, decidiu que era aquilo que queria para ele. Só tinha um probleminha: ele não tinha o dinheiro.
Ele tentou então encontrar parceiros de negócios, mas todos pensavam que ele estava louco por querer gastar tanto dinheiro com o que era essencialmente um amontoado de pedras, com uma caverna, uma plataforma, sem eletricidade e sem água corrente. Assim, ele acabou vendendo várias de suas posses, reuniu todas as suas economias e comprou o lugar para si. Naturalmente, sua esposa, família e os amigos todos pensaram que ele tinha perdido a cabeça.
Mas ele estava confiante de sua compra, porque sabia que ia resultar no queria: plena liberdade.
- "Quando o Rei de Portugal originalmente vendeu a ilha em 1903, ele e todos os governadores assinaram um documento da venda de todas as 'possessões e domínios' da ilha", explicou Renato.
- "Isso significava que eu poderia fazer o que quisesse com ela: eu poderia abri um restaurante ou um cinema, mas ninguém pensou que alguém iria querer fundar um país. Então foi isso que fiz: decidi que esta não seria apenas mais um afloramento rochoso no porto do Funchal, seria a minha ilha".
Depois que comprou o monte de pedras, Renato fez uma visita diplomática ao governador da Madeira, apresentando-se como o governante do estado vizinho. Em resposta, o governador ameaçou recusar-lhe energia, a menos que ele vendesse a ilha de volta ao estado. Renato não estava interessado na oferta, então simplesmente montou um painel solar e um pequeno moinho de vento para gerar sua própria eletricidade.
- "Talvez no futuro eu consiga gerar energia a partir do oceano ao redor da Pontinha", disse ele. - "Eu sou um pacifista e não preciso de muito dinheiro".
Dom Renato conta que não vive em seu país em tempo integral, mas pode ser encontrado lá na maioria das vezes:
- "A minha família, por vezes também sai do país, e outras pessoas vêm todos os dias, porque o país é aberto para os turistas", disse Renato, que não acredita em fronteiras. Mas há momentos em que ele prefere ficar sozinho na Pontinha, quando se sente incomodado pelo poder excessivo do Estado Português.
- "A Madeira é cercada por água, mas por algum motivo, todos nós temos que pagar para nadar no oceano agora, com os pontos de natação. Ainda assim, eu tenho a minha ilha, o que significa que eu posso nadar a hora que eu quiser e onde eu bem entender: é como se alguém tivesse me dado a chave para as águas".
Renato admitiu que a sua decisão de comprar a ilha teve muito a ver com a sua idade.
- "Meu filho tem 27 anos e se eu tivesse a sua idade, provavelmente iria vender a ilha e comprar uma Ferrari", disse ele. - "Mas já estou com 56 e quero desfrutar de tudo o que tenho. A Pontinha significa 'um ponto'. Toda a mudança do mundo começa com algo muito pequeno, e este é o meu país, apenas um ponto pequeno", poetiza.
Embora ele não tenha recebido ainda direitos oficiais de um país, o caso da Pontinha está sendo revisado pela comunidade internacional, inclusive pelo Governo Português e pelas Nações Unidas. Há até uma entrada na Wikipédia com os dados, bandeira e brasão do Principado, cujo lema é : "Verbum volat, scriptum manet" ("As palavras faladas voam, as escritas permanecem").
Dom Renato está bastante confiante de que seu pedido será aprovado porque não há nenhuma boa razão para recusar. Ele ressalta que tem boas relações com o governo brasileiro e se o Principado for reconhecido, será uma porta de entrada para a Europa.
De qualquer forma, o príncipe deveria abrir o olho com as fronteiras de seu país, já que o website do Governo Pontinhense, por este momento, foi invadido e hackeado por uma empresa japonesa de fotocópias.
Fonte: The Guardian.
Fotos: Página do Príncipe da Pontinha no Facebook.
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Comentários
Ilhas Norfolque,ilhas Malvinas,ilhas Cocos,El vaticano e etc,será que perderam seu posto de menor país?
E o Luxemburgo.-
kkkkkkkk!! É engraçado, mas ao mesmo tempo, genial!!! Desejo que dê tudo certo para o Dom Renato. :lol: :lol:
vaticano vai perder o posto de menor pais do mundo?