Feminista decide abortar só porque seu futuro filho seria homem

Estou tendo dificuldade para digerir esta história, mas ela vem sendo reproduzida por grandes sites como, por exemplo, o Huff Post. O caso é que por considerar insuportável que um homem a mais chegasse a este mundo, uma mulher decidiu interromper sua gravidez. Até onde pode chegar uma pessoa que crê numa ideia e parece disposta a tudo para torná-la realidade? Há pessoas que morreram por defender o que criam, outras foram presas e torturadas, outras mais entregam sua vida de diversas maneiras no que se fiam ferventemente em um voo cego.

Em um desses casos extremos em que a crença parece se converter mais em fanatismo, a internet lê boquiaberta a notícia de uma mulher que assegurou ter abortado quando se inteirou do sexo de seu filho: um homem.

A informação a respeito surgiu em um site supostamente voltado para denúncias de inhustiças sociais, o Injustice Stories, onde uma mulher identificada apenas como Lana escreveu este texto onde fala de sua decisão e as razões que teve para tomar ou, melhor dito, a razão, no singular, porque esta se deve quase exclusivamente a sua firme convicção feminista.

A narrativa da mulher pode ser lida parcialmente no post intitulado "I Aborted My Baby – Because it was a Boy". Para ler o artigo completo, primeiro, você terá que compartilhá-lo nas redes sociais. Entretanto o servidor do site é muito instável e vive caindo ou travando o banco de dados, de forma que é possível ler o post pelo cache do Google no seguinte endereço: "Cache: Aborted My Baby – Because it was a Boy".

Ela alega ter engravidado em 2012 e ficou muito feliz com a idéia até que descobriu que ia ter um menino. O caso causou indignação geral depois que a autora, aparentemente, admitiu ter abortado o feto do sexo masculino com base em suas experiências passadas negativas com homens. Em um artigo tão surpreendente que é difícil de acreditar que seja realmente verdade, Lana expressa surpresa que muitos amigos, e vários dos seus próprios familiares tenham cortado a relação com ela.

Isto foi, em parte, o que escreveu a mulher:

- "Não odeio os homens. Odeio o patriarcado, em que se convertem os homens e inclusive algumas mulheres. Não ia deixar que isso acontecesse a minha progênie, e as probabilidades eram maiores se fosse um homem. Era inaceitável. Se a maldição regressa, faria exatamente o mesmo, uma e outra vez."

O Snopes indica que a notícia pode ser falsa, devido a algumas inconsistências na narrativa e relata ainda que o referido blog era praticamente desconhecido antes desta história implausível do aborto de Lana ter sido publicada. O domínio foi registrado no mesmo dia que a história foi postada. Além disso, para ler a íntegra do artigo, os visitantes são forçados a compartilhar a página nas redes sociais, que por sua vez, aumenta sua visibilidade incrivelmente chamando a atenção de fontes de notícias maiores. Ainda que também haja a possibilidade de alguém ter registrado o domínio exatamente para contar esta história estrambótica.

Enquanto muitos leitores céticos acreditam que uma possível fraude tenha sido destinada a promover uma agenda anti-aborto, também é possível que o dono do site -um (ou uma) australiana de Nobby Beach, segundo o Who Is do domínio-, fabricou o conto principalmente para gerar cliques à base de um ultraje, ainda que, como já disse, haja a possibilidade de que seja sim verdade.