Embora os irmãos Angulo tenham crescido em Nova Iorque, eles não tinham idéia de como era a cidade por quase 14 anos. Eles passaram toda a sua infância confinados em um apartamento de quatro quartos, aprendendo sobre o mundo exterior apenas através de filmes. A história deles é agora assunto do "The Wolfpack", um documentário feito pela cineasta Crystal Moselle. |
Os irmãos -Bhagavan, 23, os gêmeos Govinda e Narayana, 22, Mukunda, 20, Krisna, 18, Jagadesh, 17, e sua irmã Visnu- foram mantidos dentro de casa por seu pai Oscar, um imigrante peruano e devoto de Hare Krishna. Ele aparentemente estava convencido de que o mundo lá fora iria corromper seus filhos e manteve a porta de casa sempre trancada. Mas depois de 14 longos anos, um dos irmãos conseguiu escapar, abrindo o caminho para seus irmãos para a liberdade.
Foi durante uma dessas raras fugas em 2010, que Crystal viu os seis irmãos Angulo na Primeira Avenida, andando em "bloco" (como uma matilha), usando óculos escuros, inspirados por seu filme favorito "Cães de Aluguel".
- "Eu quase me senti como se estivesse descobrindo uma tribo perdida há muito tempo, exceto que eles não estavam nas bordas do mundo, mas nas ruas de Manhattan", disse Crystal.
Curiosa para saber mais sobre a família, a cineasta fez amizade com os irmãos e, lentamente, ganhou a confiança de seus pais também. Com o tempo, ela foi convidada para aquele mundo protegido e permitiram que levasse sua câmera também. Assim ela passou meses filmando os irmãos, que assistiam milhares de filmes e passavam muito do seu tempo tentando representar as cenas em detalhes exatos, com adereços e figurinos caseiros.
- "Eles não tinham amigos", explicou Crystal. - "Eles estudavam em casa e sua única janela para o mundo eram os filmes. Tudo foi praticamente mantido dentro da casa. O que é tão fascinante sobre eles é que realmente criaram seu próprio mundo através de suas interpretações dos filmes que assistiram". No geral, os irmãos já assistiram mais de 5.000 filmes que foram ou alugados ou comprados a um preço módico.
"É fascinante o que o espírito humano faz quando está confinado", observou Crystal. - "O lado negativo em quase todos os filmes é que há certas fórmulas para eles. A vida real é diferente. Na vida real, a mocinha nem sempre fica com o mocinho. Os meninos estão lutando para entender isso."
Crystal explicou que a mãe Susanne parece ter sido controlada da mesma forma que seus filhos. Uma ex-hippie, ela era a única educadora e professora para a família.
Susanne, mais aberta, aparece no documentário, mas o pai Oscar levou o seu tempo para se abrir com Crystal. Ele, aparentemente, não foi capaz de afastar a sensação de que Nova Iorque vai "contaminar" seus filhos. Mas, apesar de sua paranóia e natureza intensamente reservada, Crystal disse que ela tem uma opinião favorável sobre ele. Uma vez que foi um aspirante a músico com um profundo amor por AC/DC, ele conseguiu incutir o gosto pela música em seus filhos.
- "A verdade verdadeira é que esses irmãos são algumas das pessoas mais perspicazes, curiosas e gentis que eu já conheci. Algo foi claramente feito para que se tornassem boas pessoas", disse ela em entrevista ao NY Times.
Os irmãos Angulo, eventualmente, conseguiram se aventurar para fora de casa, exceto a irmã Visnu, que tem necessidades especiais. Bhagavan, o mais velho, juntou-se a um conservatório hip-hop onde está aprendendo a dançar. Govinda é o primeiro e único irmão que se mudou para seu próprio apartamento, querendo afirmar a sua individualidade. Ele agora trabalha como um assistente de câmera em várias produções e aspira se tornar diretor de fotografia.
Narayana, por outro lado, está interessado no meio ambiente. Ele atualmente trabalha para uma organização "anti-fracking". Ele também é um leitor voraz com um vasto conhecimento de filmes. Mukunda, o líder tácito dos irmãos, que foi o primeiro a se aventurar para fora do apartamento, agora é um aspirante a escritor e diretor. Krisna gosta da música e cultura dos anos 80, junto com Jagadesh, o caçula.
Os irmãos, juntamente com a sua mãe, viajaram para participar do Festival de Cinema de Sundance no mês passado, quando "The Wolfpack" levou para casa o Grande Prêmio do Júri de melhor documentário norte-americano.
Fonte: New York Daily News.
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Comentários
E não é que piorou!
que gente estranha anda por aqui.
Eu fui criado da mesma forma. Eu e meus irmãos nunca tínhamos saído de casa até meus 17 anos. Nem preciso falar que todos nós sofremos de profundos problemas psicológicos e dificuldades de se relacionar com outros seres humanos. Muito triste essa historia. Tendo vivido esse fardo me sinto mal só de ler esta matéria. :-(
Cara... Que loucura...!!!
Show isso, heim ???
Imagina que filme (de ficção) podia dar essa história...?
Muito, muito interessante...
:-)
Babalú corrigindo: Nonsense.
E mais uma vez um paranoico religioso fazendo loucuras... Sempre religião... Ai ai
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Qual o comentário mais nosense?
Xandy ou Sara?
O ser humano se adapta facilmente a qualquer situação, porém fico pensando como foi difícil eles verem seu mundo de faz de conta dos filmes desmoronando diante da realidade. :roll:
(Tenho sentido falta disso aqui, hehe...)
De certa forma, eu acho muito, muito legal uma coisa do tipo, porque dá a oportunidade de observar uma espécie de "experimento" social. O fato de terem criado formas alternativas de lazer e estudos, seu próprio universo, me deixa super animada. Dá para repensar um monte de coisas. E, convenhamos, vivendo em Nova Iorque, pode ser que não tenham perdido muita coisa.