Fotos em close de humanos que parecem estranhamente desumanos

Olhe para uma multidão de pessoas de muito longe o suficiente e eles deixam de parecerem humanos, suas partes específicas desvanecem mo meio da turba e tudo se assemelhará a um exército uniforme de soldados de brinquedo cor de carne. Dê um Zoom e você verá as mãos e os cabelos e as preferências em detalhes. Continue aproximando e você vai ver as formas de seus narizes, as texturas de suas faces, a cor dos seus olhos. Mas, às vezes, é bom parar por aí nesse enquadramento.

O caso é que se continuarmos pressionando o botão do zoom o alívio temporário de familiaridade humana pode ser arrancado como uma casca, com todos os dentes, cada ouvido, cada espinha, cada cicatriz, torna-se um evento visual singular.

O fotógrafo urbano Bruce Gilden tem costume de fazer isso, de aproximar de seus modelos com suas lentes. Tão perto, de fato, que ao contemplar um de seus retratos a gente quase pode sentir a respiração quente que deles emana, cheirando um pouco azedo.

Em uma entrevista com a GUP Magazine ele disse que se aproxima porque tenta chegar um pouco mais perto da alma dos modelos de suas fotos. No caminho para a alma, Gilden certamente recebe uma boa visão do rosto, cada defeito, rugas e poros, transformando suas instantâneas em umas das mais experimentadas e verdadeiras metáforas de algo inquietante, até um pouco angustiante.

Os retratos de Gilden podem ser implacáveis, brutais, feios, até mesmo grotescos. No entanto, essa feiúra visceral não é o sinal de um monstro, mas de um ser humano. Um não higienizado e limpo, abotoado e conectado. Para Gilden, o feio é o bom material, e talvez até mesmo permita que espie suas almas.

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