A floração dos bambus é um fenômeno intrigante, porque é uma ocorrência única e muito rara no reino vegetal, ocorrendo uma vez entre a cada 50 e 110 anos, dependendo da espécie. Esses longos intervalos permanecem em grande parte um mistério para os botânicos.
Estas espécies de florescência lenta exibem outro comportamento estranho: elas florescem todas ao mesmo tempo, em todo o mundo, independentemente da localização geográfica e clima, desde que os pés de bambu derivem da mesma planta mãe.
A maioria dos bambus são exatamente assim: uma "divisão" da mesma planta mãe. Estas divisões foram re-divididas ao longo do tempo e compartilhadas em todo o mundo. Embora as divisões estejam agora geograficamente em locais diferentes, elas ainda carregam a mesma composição genética. Assim, quando um pé de bambu no, digamos, Brasil, floresce, a mesma planta no Japão vai fazer o mesmo mais ou menos ao mesmo tempo. É como se as plantas tivessem um relógio circadiano interno tiquetaqueando até que o alarme ajustado soa simultaneamente. Este fenômeno de floração em massa é chamado de floração gregária.
De acordo com uma hipótese, a floração em massa aumenta a taxa de sobrevivência da população de bambu. A hipótese afirma que, inundando a área com seus frutos, ainda haverá sementes sobrando mesmo que os predadores comam até se fartar. Por ter um ciclo de floração maior do que o tempo de vida dos roedores predadores, os bambus podem regular as populações de animais, causando a fome durante o período entre os eventos de floração. A hipótese ainda não explica por que o ciclo de floração é 10 vezes maior que o tempo de vida dos roedores.
Uma vez que uma espécie de bambu atingiu sua expectativa de vida, floresceu e produziu sementes, a planta morre, acabando com faixas inteiras de florestas ao longo de um período de vários anos. Uma teoria é que a produção de sementes requer uma enorme quantidade de energia que estressa o bambuzeiro, de tal forma que acaba realmente morrendo. Outra teoria sugere que a planta mãe morre para dar espaço para as mudas.
Os eventos de floração em massa também atraem predadores, principalmente roedores. A súbita disponibilidade de frutos e sementes em grandes quantidades na floresta traz consigo dezenas de milhões de ratos famintos que se alimentam, crescem e se multiplicam em taxas alarmantes.
Depois de devorarem o fruto do bambu, os ratos começam a consumir as lavouras, tanto as armazenadas, quanto a dos campos. Um evento de floração do bambu é quase sempre sucedido por fome e doença em aldeias vizinhas. No estado de Mizoram, no nordeste da Índia, o temido evento ocorre quase como um reloginho a cada 50 anos, quando a espécie de bambu Melocanna baccifera floresce e frutifica. O fenômeno, que ocorreu entre 2006 e 2008, ficou conhecido na língua local como mautam ou "morte de bambu".
Há um outro agravante no período da floração: a planta deixa de ser comestível representando uma grande ameaça para a sobrevivência dos pandas- gigantes que se alimentam dela. A área montanhosa no centro da China testemunhou uma extensa floração de uma variedade de bambu favorita entre estes ursos, em 1984 e em 1987, quando centenas de animais morreram de fome.
Flores de bambu.
Flor e fruto do bambu.
Um rato preto no milharal devastado de um campo perto da vila Zamuang, no nordeste de Mizoram.
Crianças capturam ratos depois de uma temporada de floração de bambu na Birmânia.
Espécie Fargesia nitida, em flor, acontece apenas uma vez a cada 120 anos.
Flor prestes a espalhar suas sementes.
Floração de bambu.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
E o pior é que o DECIO CUPRAMIM tem razão. Como se sabe que vivem 110 anos, se cada muda transplantada da planta mãe em datas diferentes, morre com "idades" diferentes? Para a idade ser definida, obrigatoriamente, teria que se saber exatamente qual delas seria a planta mãe. ??????
Favor excluírem meus comentários depois de excluírem o comentário daquele Decio (nome falso) idiota. Desde já agradeço. obs: ótima essa matéria sobre os bambus.
Favor excluir o comentário desse idiota que assina Decio Cu Pramim. Desde já agradeço.
Se eles floram todos ao mesmo tempo, respeitando a idade da "planta mãe" então não seria certo definir esse intervalo de entre 50 e 110 anos. Se eu tirar uma muda de um bambu que já tem 105 anos o meu vai florar com 5 uai!