A empática razão pela qual a Suécia está reduzindo suas jornadas trabalhistas a 6 horas diárias

Querem trabalhar para viver e não viver para trabalhar. Na Suécia pretendem revolucionar a jornada trabalhista com o fim de favorecer a vida familiar. Trata-se de um projeto que busca reduzir de 8 a 6 as horas de trabalho diárias sem redução de salários. Já são várias as empresas que se juntaram a esta iniciativa. O líder de uma delas diz que o rendimento dos funcionários é inversamente proporcional as horas trabalhadas, ou seja, que quanto mais horas uma pessoa trabalha no dia menor é o seu rendimento, menos eficiente ela é.

Sede do Parlamento sueco na Ilha Helgeandsholmen na área central de Estocolmo.

As pessoas querem ter mais tempo para passar com suas famílias, praticar esporte, instruir-se ou simplesmente descansar. Esta motivação faz com que os trabalhadores não percam tempo e rendam melhor porque uma vez que têm a possibilidade de ir para casa mais cedo, trabalham com mais empenho.

Maria Bråth, diretora executiva de uma startup de Intenet, introduziu o sistema tão logo foi cogitado por acreditar que ele lhe dá uma vantagem competitiva na busca de profissionais:

- "Nossos empregados são muito importantes. Queremos que tenham mais tempo para compartilhar com suas famílias, pegar seus filhos na escola, ou só para ficar mais tempo em casa. Achamos que essa é uma boa razão para que as pessoas queiram trabalhar conosco".

O setor público também está se juntando a este novo sistema. As enfermeiras, por exemplo, estão começando a trabalhar 6 horas. Pese que isto signifique um custo maior para o Estado, estão assumindo porque acham que o serviço que elas prestam aos pacientes melhorou.

- "Eu costumava ficar esgotada o tempo todo, chegava em casa do trabalho e desmaiava no sofá", diz Lise-Lotte Pettersson, 41 anos, uma auxiliar de enfermagem em Gotemburgo. - "Mas agora não. Estou muito mais alertam tenho muito mais energia para o meu trabalho, e também para a vida familiar".

Os diretores das empresas que estão implementando o sistema de seis horas por dia comentaram que pode acontecer de precisarem de um funcionário e este já tenha ido para casa, mas que isso também aconteceria se trabalhassem as 8 horas diárias.

- "Todos os que trabalham na empresa têm mais disposição agora. Vão felizes para casa e chegam de manhã com o mesmo bom humor do outro dia. Se sua equipe de trabalho está contente, sua companhia terá bons resultados", diz Linus Feldt, CEO da desenvolvedora de apps Filimundus. - "Hoje eu acredito que o tempo é mais valioso do que dinheiro. Mesmo trabalhando duas horas a menos, meus funcionários rendem mais que antes".

Este método faz com que as pessoas deixem de lado as redes sociais, vendo assuntos pessoais ou distraídos no trabalho. Ao invés disso, estão mais focados porque sabem que depois terão mais tempo suficiente para fazer suas coisas.

Apesar dos sinais positivos, há possibilidades que a experiência acabe no próximo ano: a coalizão de centro-esquerda no Conselho de Gotemburgo perdeu sua maioria, e os conservadores são firmemente contrários a diminuição da carga horária.

De qualquer forma, até mesmo setores liberais estão dizendo que este é um projeto interessante, que poderia ser uma forma produtiva de organização do trabalho, pois nem tudo é sobre como fazer as coisas mais baratas e mais eficiente, mas sobre como fazê-las melhor.

No final de 2016 o país analisará os resultados deste novo sistema e se resultarem bons para todos, o projeto poderia se tornar oficial em todo o país.

Fonte: The Guardian.