"Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol, quanmdo de repente o céu ficou vermelho-sangue, e senti um estremecimento de tristeza. Uma angustiante dor me oprimia o peito. Parei, inclinei-me sobre a mureta, incrivelmente cansado -línguas de fogo e sangue estendiam-se sobre o fiorde azul marinho e sobre a cidade. Meus amigos seguiram caminhando, mas eu fiquei para trás, tremendo aterrorizado- e senti o grito infinito da natureza."
Este estremecedor grito que Munch escutou (ou viu) na natureza se combina com o grito estremecedor de Clare Torry em "The Great Gig in the Sky" graças ao talento do animador romeno.
“The Great Gig in the Sky” é uma canção inspirada na tristeza, desespero e medo à morte. No dia de sua gravação, as únicas instruções que a banda deu a então jovem Clare foram que pensasse na morte ou em algo horrível enquanto improvisava. Após três tomadas que deixaram os membros da banda impressionados, os engenheiros de som fizeram uma mixagem e terminaram a edição, que resultou no que podemos escutar agora como última versão.
Ainda que a gravação da versão final tenha sido rápida o que demorou mais foi o nome, já que teve vários antes do último. Originalmente tinham colocado “The Mortality Sequence” (“A seqüência da mortalidade”); também intitularam “The Religion Song” (“A canção religiosa”) e “Ecclesiastes”, nome que permaneceu até pouco antes da inclusão da peça na edição final de The Dark Side of the Moon já que durante as interpretações ao vivo eram recitados alguns versículos do Livro do Eclesiastes, ainda que ao final ficou “The Great Gig in the Sky”, imagem parecida à do poema de Munch: “O grito imenso da natureza”.
Nesta animação (em suas duas versões) é gerado um paralelismo interessante ao misturar a melodia com a imagem, e dando ainda mais dimensão tendo em conta a descrição do poema do pintor.
A canção diz ao começo: "And I am not frightened of dying, any time will do I don't mind. Why should I be frightened of dying, there's no reason for it you've got to go some time" ("E eu não tenho medo de morrer, qualquer momento estará bem, não me importo. Por que deveria ter medo de morrer? Não há razão para isso, você tem que ir em algum momento"); a outra voz responde: "I never said I was frightened of dying" ("Nunca disse que tinha medo de morrer") e em seguida, o grito estremecedor e duradouro de Clare.
Esta é a primeira versão do "Grito" de Sebastian Cosor:
E a segunda versão, para estas datas natalinas que se aproximam:
A curiosidade? Clare Torry tinha 22 anos na época e fazia bicos como vocal de suporte. O empresário do Pink Floyd contratou a moça por apenas 150 reais e no início da gravação, a banda tocou a introdução da canção e pediu para que ela improvisasse uma linha melódica vocal. Depois de 3 tomadas, Clare foi embora achando que nenhuma de suas gravações seriam aproveitadas.
Algumas semanas depois ela quase não acreditou quando viu seu nome nos créditos do álbum The Dark Side of the Moon.
Em 2004, Clare processou o Pink Floyd por royalties de autoria, alegando que sua contribuição vocal caracterizava uma co-autoria com Richard Wright. Alguns meses depois foi realizado um acordo, e, pese que os termos não tenham sido revelados, ela recebeu grana o bastante para não necessitar mais trabalhar.
Todas as publicações relacionadas a canção emblemática a partir de 2005 mostram a autoria como sendo de Richard Wright e Clare Torry.
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