Este mapa realizado pela Merrill Lynch mostra um comparativo dos valores das grandes corporações americanas com os mercados de diferentes nações do mundo. Isto é, por exemplo, uma empresa como a Oracle tem o mesmo valor que todas as empresas que cotam na bolsa mexicana. Há que esclarecer que muitos países têm empresas importantes que não tem ações na bolsa, e se por acaso tivessem os resultados seriam sumamente diferentes. De qualquer forma as grandes empresas dos Estados Unidos são por si só potências econômicas mundiais. |
O mapa nos serve como entrada a uma discussão mais importante relacionada com o enorme poder que as corporações têm, em alguns casos maior que o de nações inteiras. Por exemplo, em 2012 a Apple superou o produto interno bruto de toda a Argentina.
O sucesso acachapante da Apple e de algumas outras empresas está sustentado no livre mercado e na globalização que lhes permite manufaturar produtos com baixos custos e vendê-los em todo o mundo a custos elevados: calcula-se que fabricar um iPhone custa entre $12 e $30 dólares, os operários, muitos deles crianças, trabalham 16 horas por dia ganhando menos de 1 dólar a hora, mas este super-gadget é vendido entre $200 e $400 dólares nos Estados Unidos e aqui no Brasil seu preço varia entre indecentes 3 e 4 mil reais. Assim, alguns dos efeitos colaterais do livre mercado são uma versão moderna da escravidão.
Para além das condições desumanas em que muitas pessoas trabalham, especialmente na Ásia, para fabricar os produtos que avidamente consumimos no Ocidente, talvez o mais alarmante do assunto seja que as corporações têm a capacidade de modificar as leis segundo a sua conveniência. Poderíamos dizer que os governos, afinal de contas, trabalham para os interesses das corporações. Isso nos permite reflexionar se não vivemos em uma corporatocracia dissimulada como um tabuleiro geopolítico de países e democracias.
Em sua novela "Snowcrash", Neal Stephenson imagina um mundo onde as corporações constituíram seus próprios Estados-nação e cobram dos cidadãos pelo serviço de poder viver em seu território. A CIA é a Central Intelligent Corporation e a Livraria do Congresso é uma espécie de Apple Store. Será que não caminhamos para este cenário em um futuro próximo? Ou será mais cômodo para as corporações seguir mantendo a fachada dos governos para que estes façam o trabalho sujo por elas?
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Comentários
A VERDADE ESCANDALIZA? A RESPOSTA É SIM. A REALIDADE DO MUNDO É ESSA. Homo homini lupus " O HOMEM É LOBO DO HOMEM." RELEMBRANDO Thomas Hobbes. VIVE-SE UMA ESCRAVIDÃO MODERNA, MAS CÍNICA, PORQUE DISFARÇADA DE DEMOCRACIA. O REGIME DA LEI E DA ORDEM EXISTE EM FAVOR DOS DOMINANTES E E PREJUÍZO DOS DOMINADOS. E INFELIZMENTE AS DISPARIDADES SOCIAIS TENDEM A SE ACIRRAR DAQUI PRA FRENTE.
Post excelente!
Melhor diria, post aterrador, pois o mundo chegou a um ponto de não-retorno no que respeita ao poderio das empresas sobre os cidadãos e sobre os Estados. A parte má é que as empresas não precisam dos seres humanos, mas apenas do seu dinheiro. Quem o tem é "respeitado", quem o não tem, é ignorado.
Só com 2 indícios daria para desconfiar que são as empresas quem realmente controla o mundo:
1 - com o seu apoio financeiro, nem sempre discreto, são colocados no Poder de muitos Estados, os mais incompetentes, corruptos e imbecis e não os mais brilhantes, imaculados e mais capazes dirigentes. E isso até já chega a parecer normal e natural. O poder político está a tornar-se uma anedota que poucos querem respeitar. Temos raposas a guardar capoeiras...
2 - os desportos de massas e a massificação dos gostos anestesiam as mentes dos cidadãos, retirando o seu sentido crítico ou o ímpeto da revolta, injetando nos mais submissos droga calmante em forma de novela e futebol. Se ganhar o meu time tudo vai bem ou menos mal. Enquanto assisto novela, o meu mundo está bem melhor e mais estável que o mundo das suas personagens.
Por fim, todas as minorias são levadas nesta onda que todos arrasta. E, pior, a cada dia será pior.