Quando um país atinge uma população de mais de 1,37 bilhões de habitantes podem acontecer situações tão surrealistas como a que ocorreu a China recentemente. O país com a maior população do mundo acaba de encontrar 14 milhões de pessoas que não estavam registradas oficialmente. Em realidade, este ?grupo? descoberto poderia rivalizar com algum país cuja população é menor. Milhões de pessoas que jamais foram inscritas oficialmente no sistema de registro de lares do país (hukou), o sistema vinculado à identidade legal de uma pessoa. |
Dito de outra forma, o fato de que não estivessem inscritas significava que não existiam oficialmente até faz pouco. Exatamente até a passada sexta-feira 24 de março, momento em que o Ministério de Segurança Pública da China, o departamento governamental a cargo dos registros do hukou, anunciou que tinha ajudado a registrar os 14 milhões.
O problema vem de longe. Durante muitos anos, a China fez dos registros hukou para um segundo filho algo tremendamente caro para seus habitantes. Com esta medida queriam controlar estritamente sua população. De fato, antes de que a política de um filho que durou décadas fosse substituída pela política de dois filhos em 2015, era necessário pagar uma multa por cada criança nascido que passasse a cota para obter o hukou.
Esta situação levou a China, um país com uma clara preferência pelos meninos em vez das meninas (especialmente nas zonas rurais para trabalhar nas plantações), a registrar os meninos e manter as meninas escondidas do sistema hukou. Segundo os estudos estima-se que a China poderia ter até 25 milhões de mulheres a mais das que estão registradas.
A verdade é que sem um hukou, um habitante chinês mal existe sobre o papel. Uma medida introduzida em 1958 pelo Partido Comunista onde se documenta, não só o lugar de nascimento e o endereço, senão também os membros da família e os casais existentes. Ademais, também é obrigatório para ter acesso aos serviços sociais básicos como a escolarização, a atenção da saúde e as pensões.
No entanto, faz pouco mais de um ano (dezembro de 2015) a China deu um giro à política e decidiu tornar o registro algo mais fácil. Então aprovaram que é um direito legal básico que os cidadãos se registrem legalmente em hukou.
A mudança identificou várias categorias de cidadãos não registrados que agora poderiam solicitar seu registro. Um novo cenário que avança lentamente e que produz notícias como a anunciada faz alguns dias, quando o país reconhecia a 14 milhões de habitantes que até esse momento não existiam oficialmente. Nada menos que o equivalente aproximado de 1% de sua população atual.
Fonte: Quartz.
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