Venda de humanos: na Líbia leiloam refugiados como escravos

Hoje, Dia Nacional da Consciência Negra, é uma daquelas datas que as redes sociais "pegam fogo" sobre a validade ou não da reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Não importando se discordamos ou não de Morgan Freeman, às vezes não é possível simplesmente olhar para o outro lado. Somos obrigados a saber, por mais duro que seja, meter na cabeça que o mundo em que vivemos não é justo com todos. Que nós não temos a culpa de ter a sorte que temos, lógico, mas também não são culpados os que sofrem de ter nascido em um lugar e um tempo que "ninguém merece".

O simples ato de nascer na atualidade é um macabro jogo de loteria: você pode se criar em um lugar onde sua maior preocupação é poder pagar a prestação do carro ou em outro onde seu único objetivo é sobreviver um dia a mais.

A CNN publicou um vídeo feito em um povoado da Líbia, onde é registrado um leilão de humanos. Um jovem Nigeriano permanece de pé em estado de choque enquanto alguém apóia o braço em seu ombro enquanto diz "garotos fortes para trabalhar". Em poucos minutos o leilão alcança os 1.200 dinares, pouco mais de 2.800 reais, e o garoto é entregue a seu comprador.

Ano após ano, milhares de imigrantes tentam cruzar a Líbia para chegar a Europa em busca de uma oportunidade. Fogem de conflitos bélicos ou da pobreza e deixam tudo o que tinham atrás, gastando uma fortuna em uma viagem que não sabem como acabará.

O objetivo é chegar à costa para cruzar o Mediterrâneo, mas as autoridades líbias estão limitando a saída de barcos o que deixa aos traficantes com um excedente de refugiados para "atravessar". Assim ressurge um velho negócio: a venda de escravos.

Depois das provas apresentadas pela CNN, as autoridades líbias prometeram abrir uma investigação, e membros do governo em matéria de imigração reconhecem que, ainda que não tenham sido testemunhas, sim ouviram falar destas práticas.

Os jovens que deixam para trás seus países investem tudo o que têm na viagem que lhes levará a Europa. No entanto, a maioria acaba em centros de detenção onde vivem amontoados em condições infra-humanas. Muitos deles são capturados e vendidos como mercadoria não uma, senão várias vezes, para que trabalhem e saldem a dívida que contraíram com os traficantes.

A situação tornou-se tão difícil que muitos imigrantes estão renunciando à viagem e solicitaram a repatriação organizada pela OIM. Voltam traumatizados, esgotados e com as mãos vazias, como o fez Victory, um jovem que conseguiu voltar a casa após ser maltratado e vendido como escravo em várias ocasiões.

Se você se pergunta o que está fazendo Europa, a outra cara da moeda, para melhorar esta situação, a resposta pode te decepcionar. A realidade é que no passado mês de fevereiro, a União Européia decidiu investir 130 milhões de euros para fazer na Líbia um muro de contenção anti-imigrantes, construindo mais centros de detenção e reforçando os controles das rotas para evitar a entrada de refugiados através do Mediterrâneo.

Fonte: CNN.