Dizem que o ser humano é a única espécie que transforma e adapta seu meio para sobreviver. O restante dos seres vivos neste planeta faz parte de um sistema incrivelmente harmonizado em que a sobrevivência dos animais e das espécies garante, por sua vez, a sobrevivência do sistema, em um ciclo admirável em seu equilíbrio e sim, sua perfeição. Exceto pelo ser humano... A chamada "inteligência superior" que nos distingue como espécie é também resultado da evolução e, como tal, foi nosso recurso decisivo de sobrevivência, mas também pode ser o da decadência. |
Aconteceu que, desgraçadamente, esta auto-elogiada capacidade se transformou também em um elemento capaz de romper com dito equilíbrio, ao ponto inclusive de ameaçar destruir o próprio ciclo de vida na Terra.
Estas palavras poderiam parecer um exagero, mas tristemente não é assim. Basta olhar o presente -mas olhá-lo para valer, sem enganos nem falsa compaixão- para dar-nos conta de que nos encontramos em um momento crítico de sobrevivência geral. Essa transformação de nosso meio que precisamos para subsistir resultou em práticas, hábitos e ideias que, exercidos a grande escala e coletivamente, estão ameaçando com severidade toda possibilidade de vida, incluída a nossa.
A inteligência sempre foi uma arma de duplo fio para o ser humano. Como espécie somos capazes de criar obras admiráveis, generosas, respeitosas com o meio; somos eficazes para unir-nos e trabalhar juntos por um propósito comum. Também, sabemos de sobra, podemos fazer todo o oposto: destruir, dividir, envenenar o solo e as águas, consumir até esgotar.
Por vários séculos aprendemos a achar que essa é a única forma de vida possível. Uma baseada na "lei de Gérson", na fragmentação da sociedade com indivíduos zelosos apenas por sua própria identidade e na concorrência, muitas vezes desleal, entre esses indivíduos. Em anos mais recentes começamos a achar que a felicidade pode ser encontrada nas posses materiais, que a vida deve ser vivida com pressa e ansiedade, que é na carreira pessoal onde encontraremos o sabor do triunfo e não na cooperação com os demais e que tudo pode se resumir na nossa vida maravilhosa de faz-de-conta e de caprichos das redes sociais.
Passamos tanto tempo escutando esses conselhos -repetidos ademais com notável eficácia-, lendo livros de auto-ajuda de "Como Ficar Rico em 5 Passos" -enriquecendo apenas os gurus autores de livros-, que acabamos pobres de espírito, que terminamos nos esquecendo que a vida não tem por que ser vivida assim, isto é, que viver não é algo que possa ser friamente calculado, fixo de uma vez, felizes para sempre e fim. Todo o contrário. Se a vida em geral segue um ritmo de mudança constante, isto também se refere a nossa forma de viver (ou ao menos deveria).
O vídeo que compartilhamos não é nenhuma novidade, mas neste momento parece urgente recordá-lo. Trata-se do emblemático discurso que Charles Chaplin fez no icônico "O Grande Ditador", de 1940, quando interpretou o duplo personagem de um cabeleireiro judeu e um ditador, Adenoid Hynkel, que é o paradoxo evidente de Adolf Hitler. O discurso começa com palavras muito significativas:
- "Sinto, mas não quero ser imperador..." Mais adiante, a mensagem avança para outras frases igualmente eloquentes, mas por um momento vale a pena refletir sobre estas iniciais.
A do personagem Hynkel é uma renúncia que talvez todos nós poderíamos também retomar, empreender. Renunciar a pretender estar acima dos outros. Deter-nos a pensar se realmente é isso que queremos na vida ou se trata de algo que aprendemos a buscar e que, por isso mesmo, é possível deixar. Perguntar-nos o que queremos mais: ser melhores do que os outros ou estar com eles?
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