O festival de sinalização de virtude no Globo de Ouro

Faz alguns meses que descobrimos que o megaprodutor de Hollywood, Harvey Weinstein, teria violado várias mulheres, abusado sexualmente de outras e assediado um monte delas. Ou o que é o mesmo: nós mortais comuns descobrimos isso agora, mas Hollywood sabia que Weinstein é um escroto desde sempre. Agora, a cada dia, homens cada vez mais proeminentes são apanhados na rede #metoo. No festival de denúncias não é preciso provar nada, basta apontar o dedo e pronto para ter acesso rapidamente a uma posição de autoridade moral e cultural.

Em uma sociedade civilizada é praxe acreditar na inocência do acusado até provas concretas em contrário, mas é cada vez mais comum o fato de que não vivemos em uma sociedade civilizada. Vivemos em uma sociedade onde qualquer acusação é considerada como prova e pode acabar irreparavelmente com a reputação de qualquer um.

No último domingo, Hollywood realizou um festival de sinalização de virtudes no Globo de Ouro. Todas as mulheres vestidas de preto em homenagem às vítimas de uma epidemia de assédio sexual que atormentou Hollywood desde o início do "teste do sofá" para escolha de elenco. Ninguém sabia disso? Oras... deixem de ser hipócritas.

Homens usavam buttons para mostrar solidariedade. Oprah Winfrey, que já foi bem íntima de Weinstein, fez um discurso comovente no qual comparou as vítimas modernas de abuso sexual a uma mulher negra estuprada por seis homens brancos em 1944, no Alabama. As câmeras mostravam tomadas de uma sorridente Meryl Streep, que uma vez louvou seu amiguinho Weinstein como um "deus". Esta mesma que ao ser acusada de manter silêncio sobre as atitudes abomináveis de Weinstein saiu pela tangente acusando as Trump, Ivanka e Melânia, por... manterem silêncio sobre o assunto. O negócio de Holywood é apontar o dedo e tirar o seu da reta.

Onde estava toda esta gente engajada e plena de boa vontade quando ovacionava Roman Polanski de pé ou quando babavam os ovos de Woody Allen, que foi crivelmente acusado de molestar sua própria enteada quando tinha 7 anos de idade? Bill Clinton? Um bando de sonsos, isso sim!

Tudo isso deveria nos fazer sentir que Hollywood está de alguma forma liderando uma jornada contra as agressões sexuais em respeito aos mais estritos códigos de ética e moral. Mas não... isso simplesmente não é verdade. Hollywood não está fazendo nada para mudar materialmente sua cultura. Estão fazendo o que melhor sabem: representar por medo do escrutínio público.

Quando os holofotes mudarem de direção na ribalta, estas celebridades voltarão a fazer o que estão fazendo há anos: explorar pessoas menos poderosas do que elas. Winfrey não tinha nada a dizer sobre a má conduta sexual em Hollywood há 30 anos e, apesar de ser a rainha de todos os meios e ser ventilada como uma possível candidata à presidência, tratá-la como uma espécie de farol de luz agora é simplesmente ridículo.

O caso é que a onda de acusações de assédio sexual instalou um clima de "puritanismo" sexual totalmente desnecessário. Evidentemente que é legítimo e necessário criar consciência sobre a violência sexual exercida contra as mulheres, sobretudo no âmbito profissional, mas, nesse caso, longe de ajudá-las a conquistar uma maior autonomia, está servindo em realidade aos interesses dos inimigos da liberdade social e sexual, aos extremistas religiosos, aos piores reacionários e àqueles que acham que as mulheres são seres aparte, meninas com cara adulta, que reclamam ser protegidas.

Em suma, em vez de denunciar os abusos de poder, o movimento parece encarnar o ódio aos homens e à sexualidade como se fosse o surgimento de uma nova moral vitoriana, não diferindo muito do extremismo religioso ou do totalitarismo, uma sorte de estalinismo feminista, em que os sexos devem se enfrentar em uma espécie de guerra dos sexos, na qual as mulheres são vistas como "pobres indefesas sob o jugo de demônios falocratas".

Parece que as pessoas ainda não perceberam o quão preocupante e assustador é este estado das coisas. Se tivéssemos um verdadeiro apego às ideologias de razão e justiça -os alicerces da civilização que nos trouxeram até aqui como sociedade justa (mais ou menos)- nada disso estaria acontecendo. A bússola moral de uma sociedade, onde qualquer pessoa pode ser "atropelada" só pela acusação, precisa urgente e irremediavelmente de reparo.

Fonte: DailyWire.