O ser humano é tremendamente estúpido avaliando riscos, sobretudo à hora de decidir o que pode ou não colocar na boca. É delicioso, mas faz mal ou pode matar? Não coma. Simples assim. Mas quem disse que gostamos das decisões simples em prol de escolhas perigosas. É o que acontece com o baiacu, também comumente conhecido como peixe-balão (porque vira um quando é pescado) ou fugu, no Japão e Coreia, onde é verdadeiramente apreciado como iguaria. |
Baiacu à venda (só para cozinheiros com licença) em um mercado de Tóquio. Via: Wikimedia Commons
A cidade japonesa de Gamagori, na prefeitura de Aichi, emitiu um alerta sanitário em esta semana por um motivo quanto menos estranho: o baiacu. Um supermercado da cidade vendeu cinco bandejas de tetraodontídeos sem a devida limpeza.
O baiacu tem um lado tétrico e perigoso: seus órgãos são incrivelmente tóxicos. Antes de comê-lo há que retirar muito cuidadosamente o fígado -a parte com maior concentração de veneno-, as tripas, dizem que a pele e os olhos também. Só um punhado de cozinheiros e pescadores temerários sabem como prepará-lo corretamente depois de passar por um curso específico (os cozinheiros) de três anos que lhes outorga a licença. Isso no Japão, pois no Brasil alguns pescadores e botequeiros de beira de praia apreenderam com os pais.
Se os órgãos forem mal extraídos, a carne pode ser contaminado com o veneno do animal, uma potente neurotoxina chamada tetrodotoxina -que lhe empresta o nome da família (Tetraodontidae)- capaz de matar um ser humano em poucos minutos. Não existe antídoto conhecido. O veneno paralisa o organismo até que a pessoa morre por asfixia. É terrível.
O supermercado que vendeu as bandejas se defendeu dizendo que se trata da espécie Yorito (Sphoeroides pachygaster) um gênero de peixe-balão (existem mais 25) cujos órgãos não são tão tóxicos. Contudo, a venda de baiacu está proibida no Japão porque não é simples distinguir uma subespécie da outra. Ante a dúvida, as autoridades de Gamagori decidiram publicar um comunicado de alerta. Quatro dos cinco compradores devolveram as bandejas ao estabelecimento, mas para o quinto a mensagem chegou tarde.
Por sorte, o quinto cliente e sua família não foram envenenados depois de comer os órgãos do peixe, o que aparentemente dá razão ao supermercado. Contudo, e para evitar problemas, o estabelecimento anunciou que não voltará a vender peixe baiacu de novo. Nos últimos doze anos há registro da morte de dez pessoas, todos eles japoneses, por comer este perigoso manjar.
E para que não achem que isto é alarmismo bobo, basta saber que a tetrodotoxina, ou mais precisamente anhydrotetrodotoxin 4-epitetrodotoxin é 1.200 vezes mais mortal do que o cianureto. Ou seja, comer um baiacu é tão perigoso quanto brincar de roleta russa.
Via | Asahi.
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Comentários
Eu, heim?
Detesto peixe, mesmo...