Nesta sociedade obcecada com o culto ao corpo, ninguém escapa dos rígidos padrões de beleza. Nem os camelos. Não obstante pareça piada sem graça, sim, Miss Camelo (ou Camel Mazayna, como é chamado) existe. O concurso é realizado há uma década na Arábia Saudita, com a participação de tribos beduínas do próprio país, de Omã, Kuwait e Emirados Árabes. E parece que a coisa está ficando muito competitiva. |
Os responsáveis pelo King Abdulaziz Camel Festival foram obrigados a publicar um comunicado através de sua página sobre a queixa das armadilhas em que incorreram alguns dos participantes:
- "Nossos comitês têm a experiência e equipes necessárias para detectar manipulação. Trabalhamos para combater a fraude. Não permitiremos, jamais."
Se você não entende porque alguém chegaria ao extremo de injetar neurotoxinas em um artiodátilos deve saber que só neste festival foram apresentados até 30.000 camelos, que disputam prêmios de 179 milhões de reais.
Os jurados buscam o rosto perfeito, as bocas mais coriáceas, corcovas perfeitamente localizadas e patas elegantemente musculadas. O ganhador adquirirá automaticamente o status de celebridade na multimilionária indústria do camelo saudita. Daí que cada retoque nas linhas estéticas do participante podem fazer uma grande diferenças entre estar no grupo dos vencedores ou dos perdedores.
Como denunciam espectadores do festival, alguns criadores estavam buscando potencializar essa belezura de seus animais aplicando botox nos lábios, nariz, no contorno e inclusive na mandíbula. Isso faz com que suas cabeças pareçam maiores, e que quando alguém pense " - oh, nossa que cabeção mais lindo".
Uma crítica absolutamente lícita, já que como diz o manual do concurso, não é permitido camelos com drogas nos lábios, pintados ou tingidos em qualquer parte do corpo ou com alteração em sua forma natural.
Foi assim que doze mamíferos camelídeos fakes foram desqualificados imediatamente do concurso.
Se você planeja dar um passeio por Riad talvez convenha encaixar a data de viagem com a celebração deste festival, todo um espetáculo de quatro semanas no norte da capital, frequentado por mais de 300.000 pessoas, onde tudo está estabelecido para render tributo a este símbolo nacional: restaurantes, bombas para tirar leite fresquinho, barraquinhas com souvenires, zoológicos de todos os tipos, esculturas e inclusive planetários que contam a história dos camelos como veículo no mundo árabe.
Como última curiosidade vale a pena saber que, sendo o camelo uma das especialidades gastronômicas da Arábia Saudita, o fornecimento da carne vem de fora, especificamente da Austrália, o país que abriga o maior rebanho de camelos do mundo. Importado no século XIX para fazer serviços pesados, depois da sua dispensa os camelos se tornaram uma das pragas que assolam descontroladamente o território australiano.
Como não conta com uma população suficiente para abastecer sua demanda, daí que tenham que importar de outros países. Tradicionalmente vinham do norte da África, mas as doenças e a instabilidade política fizeram com que a Austrália se convertesse no principal provedor da Arábia Saudita. Ademais, como os camelos árabes são tradicionalmente utilizados para transporte de carga e trabalhos pesados, sua carne não é tão tenra como a dos australianos.
Fonte: Vice.
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Comentários
Tô dizendo...
Para o mundo que eu quero descer !!!