A maioria dos youtubers não ganha o suficiente nem para pagar o sal da janta

Não é incomum vermos manchetes como "Youtuber melhor pago recebeu x milhões de dólares em 2017", mas acontece que a realidade é muito diferente para a grande maioria de pessoas que se coloca diante de uma câmera com a ideia de viver do YouTube. Segundo uma pesquisa de Mathias Bärtl, professor da Universidade de Ciências Aplicadas de Offenburg, 96,5% dos youtubers não supera a linha de pobreza federal dos Estados Unidos, estabelecida em 12.140 dólares ao ano, algo em torno de 3.200 reais por mês.

E mais, 3% dos canais mais vistos receberam uma média de 16.800 dólares (55 mil reais) ao ano de publicidade em 2016 e só 1%, com uma audiência entre 2,2 e 42,1 milhões de visualizações, obteve maiores rendimentos.

Em sua análise, Bärtl utilizou uma estimativa de 1 dólar recebido por cada mil visualizações, que era uma boa métrica em 2016, mas possivelmente tenha ficado obsoleta e que também não vale para o Brasil onde esta estimativa ronda a menos da metade.

- "Vi um mínimo de 35 centavos por cada mil visitas e trabalho com youtubers que podem ganhar 5 dólares por cada mil", explicou um porta-voz da agência de influencers Goat Agency. Muitas vezes, os rendimentos dependem do famoso "parceiro" que faz intermediação entre os criadores de conteúdo do YouTube e os anunciantes, mas ter acesso a ele é, de novo, algo exclusivo dos canais mais vistos.

O analista também argumenta que se o youtuber aparecer em um programa de televisão famoso -não esses que preenchem sua grade com vídeos do Youtube-, seguramente ganhará muito dinheiro; mas por outro lado o vlogger pode ter 1 milhão de seguidores na plataforma de vídeos e seguir trabalhando como um chapeiro de lanchonete -sem desmerecer a profissão, é só um comparativo-. Como exemplo o australiano John "Caveman" Plant, do concorrido canal de tecnologia primitiva, ainda cortava grama e limpava quintais quando tinha mais de um milhão de seguidores.

Isto deixa estrelas como WilderssonNunes, PewDiePie ou o outro xarope Logan Paul como exceção, e não a regra, de uma vocação incrivelmente difícil para os que pretendem trabalhar no YouTube e pagar as contas que vencem todo fim de mês.

Também há que asseverar que os youtubers mais famosos têm contratos externos com marcas interessadas em seu poder de influência, mas para a grande maioria, o YouTube é mesmo um hobby ou uma sessão de masoquismo propiciada pelas chicotadas dos sádicos trolls.

Fonte: Bloomberg.