Facebook tem um problema enorme: com mais de 2 bilhões de usuários e uma quantidade inumerável de conteúdo gerado diariamente, é sumamente difícil determinar se as histórias que circulam em sua plataforma são verdadeiras ou falsas ou se contribuem a gerar um clima de ódio, racismo e demais. No último ano cresceu a pressão para que a rede social resolva de alguma maneira o problema das fakenews e sua ingerência política, mas as medidas tomadas até agora não surtiram muito efeito. |
Uma destas medidas foi diminuir as histórias publicadas pelas páginas dos meios de comunicação e avaliar a reputação de cada órgão -se são promotores de fakenews ou não-. O problema no Brasil é que uma das responsáveis por tais medidas andou postando conteúdo com viés ideológico, o que torna difícil acreditar que usará de critérios imparciais e neutros quando isso for necessário.
Para piorar, a rede tem que lidar com inumeráveis histórias que se viralizam e que podem ser falsas. Isto supera a capacidade atual de seu algoritmo, motivo pelo qual depende, em boa medida, de usuários que relatam os conteúdos como inapropriados. Obviamente, isto fez surgir um exército de trolls e perfis falsos que buscam empurrar certas agendas e, em geral, apresenta o problema de que as preferências pessoais costumam nublar os julgamentos.
Por isto, segundo informaram o Washington Post e Slate, Facebook começou a criar um sistema de reputações que avaliará cada usuário de 0 a 1. Esta avaliação será tomada em conta quando for revisar uma denúncia de conteúdo inadequado, ainda que, de acordo com o Facebook, não será o único fator a considerar na circulação de um conteúdo. Esta pontuação será dinâmica, segundo informou a rede social à revista Slate, e não será usado para criar um sistema de crédito social externo à plataforma, como se teme.
Ai é onde a porca torce o rabo, pois, por exemplo, na China existe um sistema de reputação on-line que o governo toma em conta para todo tipo de ações. Uma pessoa neste sistema com uma baixa pontuação dificilmente obterá crédito, e inclusive poderia encontrar dificuldades para viajar ao estrangeiro.
Evidentemente, Facebook deve lidar com o problema das fakenews se quiser impedir que os governos comecem a regular seu uso, mas, por outro lado, avaliar os usuários tem complexas arestas que poderiam ser utilizadas de maneira perversa. Se acontecesse um data breach como o da Cambridge Analytica, talvez diversas empresas poderiam obter o ranking dos usuários.
Por outra parte, não está bem claro se os usuários terão acesso a sua pontuação, e ainda temos o tema quase orwelliano de ser avaliado por cada ação. Ademais, o sistema de reputação não resolve de todo o fato de que possa seguir existindo uma espécie de jogo manipulador em que se cultive certos usuários para poder influir na circulação das publicações em momentos estratégicos, já que, ainda que o Facebook tenha quase inviabilizado a possibilidade de criar contas falsas, continua com centenas de milhares de contas criadas para fazer avançar certas agendas.
Assim, poderia surgir uma cuidadosa manufatura de reputações. Claro que isto não desqualifica a tentativa do Facebook -que em verdade é bem louvável-, somente mostra a complexidade enfrentada ao tentar lidar com este assunto.
No Twitter a coisa não está muito diferente, ainda que suas medidas são mais extremas, quando simplesmente bloqueiam contas segundo um fator estranho e desconhecido. Recentemente, um perfil que denunciava perfis propagadores do discurso de ódio foi apagado, mas os disseminadores não. Em função disso, milhares de usuários estão migrando para o GAB, um microblogging que promove a defesa da liberdade de expressão acima de tudo; pelo menos por enquanto.
Fonte: Slate.
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Comentários
Como o Facebook já está na curva de declínio, desde a exclusão de posts e pessoas, isso aqui é só a continuação do fracasso...
Normal...
Vai acabar virando lembrança, mais rápido...