A Arte Contemporânea é um conceito tão difuso (quase estúpido) que se faz necessário que um "expert" explique como educar nossa mirada para mudar a percepção sobre estas manifestações geralmente incompreendidas pela maioria das pessoas. Como distinguir uma cadeira que é uma obra de arte de uma cadeira que é simplesmente uma cadeira ou uma lata de merda, que é apenas isso, merda, de uma verdadeira obra? A chave está no contexto, assegurou a experiente em arte moderna Tatiana Bortnik, em uma recente conferência realizada no Museu de Arte Contemporânea Garage de Moscou. |
Em sua palestra, intitulada "Como relaxar e aprender a compreender a arte contemporânea?", a russa enumerou vias para "ficar de bem" com a arte visual moderna:
- "Em primeiro lugar, o que qualquer um teria que fazer ao encontrar com a arte contemporânea é relaxar e permitir algo absolutamente novo, às vezes absurdo, às vezes insultante, às vezes de mau gosto, às vezes politicamente incorreto, que entre em sua visão da arte", relatou Tatiana.
Em 2011, uma mulher pagou US $ 10.000 por uma peça intitulada "Fresh Air". Uma peça de arte não visível.
Tatiana aconselhou que antes de ir a um evento de arte contemporânea é necessário deixar para trás todos nossos preconceitos (e bom gosto):
- "É evidente que se você chegar a uma exposição com ideias preconcebidas de que verá algo decepcionante ou pouco interessante, assim será. Mas se der o primeiro passo e propor-se a desfrutar da visita, relaxar e aceitar a diversidade de formas de arte, a probabilidade de desfrutar aumenta muito."
Piss Christ é uma foto de 1987 de Andres Serrano que mostra um pequeno crucifixo submerso em um copo da urina. Ele recebeu US $ 15 mil pelo trabalho.
Segundo ela, a arte do século XXI é muito diferente do que ensinaram no colégio. Agora não se trata de quadros pintados por uma pessoa especialmente instruída sobre um tema determinado.
- "A principal diferença é que a arte moderna conquistou territórios muito incomuns: os da reflexão filosófica, as declarações políticas, a arena do debate social. É por isso que pode parecer feia e, em geral, não estar relacionada com as ideias estéticas", explicou.
Cama da "artista" Tracey Emin coberta de lençóis sujos e roupa íntima manchada de sangue menstrual, vendido por US $ 150.000.
Tatiana acha que é preciso tentar determinar qual o discurso artístico da exposição que você vai visitar e aconselha a tentar compreender por que o tema preocupa o artista, se apela a seu espectro intelectual com novos conhecimentos ou se apela a seu espectro sensual e tenta provocar empatia.
- "Talvez você saia da exposição sem obter um prazer estético, mas com emoções novas e complexas", assegurou. (Exatamente como me sinto quando saio do banheiro vencido por uma prisão de ventre.)
Lata de merda do artista italiano Piero Manzoni. Uma das latinhas está avaliada em US $ 220.000.
O outro conselho da especialista, depois de desdenhar por "dizer algo tão óbvio", é dedicar um tempo para estudar a arte contemporânea se quisermos entendê-la. (Temos ai o velho discurso arrogante que "se você não gostou, é porque não tem alcance para entender")
Para os dispostos a "estudar", Tatiana assinala que a princípio basta buscar informação concreta sobre uma exposição que se planeja visitar, bem como dados sobre o autor e o contexto sociocultural de sua obra.
Blood Red Mirror de Gerhard Richter. Valor da Pintura: US $ 1,1 milhões
O que a especialista não fala, logicamente, é que a arte contemporânea é uma caricatura grotesca da arte clássica. De fato, em sua grande maioria é lixo, só se salvam alguns poucos artistas contados nos dedos, provavelmente, sem encher as duas mãos. Qualquer pessoa hoje, com dinheiro suficiente, faz uma ou duas baboseiras e já temos uma grande obra e um grande artista.
Concetto spaziale, Attese de Lucio Fontano. Valor da Pintura: US $ 1,5 milhões
Em um ensaio chamado "Caca de Elefante", o escritor Mario Vargas Llosa critica duramente a indústria cultural por ter substituído o valor estético pelo de troca para o mercado:
Os artistas mais dotados e autênticos não encontram o caminho do público por ser insubornáveis ou simplesmente ineptos para lidar na selva desonesta onde decidem os sucessos e fracassos artísticos. Essa maneira de escolher um artista parece ter se perdido para sempre entre os jovens impacientes e cínicos de hoje que aspiram alcançar a glória ainda que seja empinando uma montanha de merda paquidérmica.
De fato, esta história de que a arte contemporânea serve para exortar a reflexão, avivar o pensamento crítico e instigar a desconstrução de determinados padrões culturais, resulta na banalização do bizarro, na fomentação da feiúra, transformando a violência pura em projeção estética e fazendo com que seus usuários fucem cada vez mais no barro da desconstrução social.
Untitled (1961) de Mark Rothk. Valor da Pintura: $ 28 milhões.
Ademais há quem acredite que esta prática de acostumar as pessoas com tudo que é grotesco e imundo é feita de forma deliberada, para que assim elas aceitem mais facilmente a obra política de engenharia social.
É dessa forma que alguém tremendamente estúpido vomita em um prato branco e dá a ele um pretexto rebuscado dizendo que é o "fim da vida" ou as "entranhas de qualquer coisa" e, voilá... temos mais um novo artista, um outro arremedo do quilate de Andy Warhol, Egon Schiele entre outros, sem nenhum talento.
Sem título (amarelo e azul) de Mark Rothko. Valor da Pintura: US $ 46,5 milhões.
A arte converteu-se em um negócio especulativo e, como demonstrou a "especialista" russa em sua argumentação final, querem fazer pensar que o problema está em nós que não entendemos ou não queremos apreciar isto que chamam de arte.
Na verdade este é o principal argumentos dos adeptos da arte moderna: se alguém se atreve a dizer que é horrível logo é tachado de ignorante, que não teve profundidade o bastante para compreender essa arte tão revolucionária, tão inteligentona, que só as pessoas descoladas e do "bem" tem a capacidade de fazê-lo.
Sem título (1970) de Cy Twombly. Valor da Pintura: $ 69,6 milhões.
A arte está no espectador, por suposto, está nas montanhas, nas pedras de um caminho, em uma bicicleta abandonada em um canto. Qualquer um pode ver e ser sensível aos detalhes que a vida nos apresenta, mas daí, levar a um museu e pretender milhares de dólares por isso, me parece uma ofensa à inteligência e a própria capacidade criativa do espectador.
Eu estudei história da arte e gosto, inclusive já pintei alguns quadros (horrorosos), mas não estão em um museu nem pretendo comercializá-los como conceito inovador e caro; simplesmente desfruto na parede da minha sala.
De forma que uma obra original costuma ser cara, a maioria das pessoas recorre a cópias, artesanato ou criações próprias para decorar as paredes de suas casas. O orçamento de 99% da população não dá para comprar essas ocorrências em museus e galerias de arte contemporânea. Bolhas e mais bolhas para amplificar as riquezas de alguns poucos com muito dinheiro (e pouco talento), que pensam, em sua assoberbada ridícularidade, que os demais não entendemos das coisas, que não podemos "racionalizar" a arte como eles. Aff!
Como genialmente afirma Roger Scruton em seu documentário "Por que a beleza importa" ("Why beauty matters"), a arte moderna é a roupa invisível do rei nu. É necessário que este temor de sermos apontados como retrógrados, conservadores e inclusive incultos, seja suplantado. Reiterar que a arte contemporânea entorpece o ser humano, que é horrorosa, é o mesmo que proclamar, para quem queira ouvir, que o rei está nu.
Fonte: Russian Today.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Lixo.....
Ótima análise! E acrescento algo: acho que muito dessa arte contemporânea é apenas forma de lavar dinheiro. Pega-se uma pessoa sem talento e basta vender suas obras por milhões.
Outra coisa, acho absurdo muitos dos "artistas plásticos" atuais, que acham que não é preciso saber desenhar, por exemplo... Picasso só chegou a desenhar um touro com linhas, porque ele entendia o touro como um todo e o estudou.
O que vemos hoje é o deleite de profanar , destruir e chocar substituindo a arte. Querem a "liberdade" de jogar excrementos sobre si mesmos e nos outros.Veja o que Ouspensky escreveu no início do séc XX
"A arte baseia-se na compreensão emocional, no sentimento do desconhecido que se encontra atrás
do visível e do tangível, e no poder criativo, isto é, o poder de
reconstruir em formas visíveis ou audíveis os sentimentos, sentimentos, visões e
estados de ânimo do artista, e especialmente uma certa sensação fugitiva, que é realmente
o sentimento da interconexão harmoniosa e da unidade de todas as coisas e do sentimento de
"Alma" de coisas e fenômenos. Como a ciência e a filosofia, a arte é uma maneira de
conhecimento definido. O artista, ao criar, aprende muitas coisas que ele não sabia antes. Mas uma
arte que não revela mistérios, não conduz à esfera do Desconhecido, não produz
novo conhecimento, é uma paródia de arte, e, ainda mais frequentemente, não é mesmo um
Paródia, mas simplesmente um comércio ou uma indústria"
O quê a "arte" de hoje revela?
Mandou muito bem mesmo!
Pode me chamar de ogro das cavernas, mas pra mim essa arte moderna não é nada mais do que uma grande diarréia mental para pseudo-conhecedores de arte. Salvo raríssimas excessões.
Não vamos longe, é como a música.
Onde está o apreço pela técnica? Pelo sentimento? Pelo virtuosismo?
Joga qualquer merda aí que o povo adora e os pseudo-intelectuais acham uma explicação.
Meus amigos, que inocência é essa? Esperava mais de vocês!
Esse teatro não é feito de gente pseudointelectual com vontade de queimar notas de dólares em troca de uma tela com uma mancha de extrato de tomate!
Esse mundo de valores exorbitantes (seja na arte, nos esportes ou política), que fazem a gente entoar mantras consagrados do tipo "10 milhões por um quadro todo pintado de preto?" ou "O salário do Neymar pagaria a construção de 10 hospitais" não é um mundo de gente besta não.
Vou fazer um texto melhor do que todo esse aí de cima, quer ver?
A arte contemporânea hoje serve para: LAVAR DINHEIRO! Fim!
Perfeita análise