Na Grécia Antiga, perto de Corinto, há um caminho pavimentado chamado Diolkos, que foi usado como um atalho por onde os marinheiros atravessavam barcos e navios por terra através do Istmo de Corinto. O atalho permitiu que navios antigos evitassem a longa e perigosa circunavegação da península do Peloponeso. O Diolkos, que significa "transporte para o outro lado" em grego, se fez necessário porque os mercadores gregos navegavam por todo o Mar Mediterrâneo levando mercadorias da Espanha para a Fenícia e de Cartago para o Egito e Itália. |
Mesmo quando o comércio entre os mercadores se resumia às cidades gregas, eles preferiam viajar pelo mar, devido a acidentada geografia do país, que fazia com que transportar coisas com carroças de bois, subir e descer montanhas, fosse extremamente desafiador.
Esses mercadores do mar enfrentavam um grande desafio quando tinham que chegar a Atenas, especialmente vindos do Golfo de Corinto. Aqueles que não estão familiarizados com a geografia desta região, logo abaixo temos um mapa da Grécia e dos mares circundantes.
Como dá para notar no mapa, uma grande península chamada Peloponeso está dependurada no extremo sul do continente grego pelo estreito braço de um istmo, impedindo que os navios alcançassem o importante Porto de Pireu, situado a uma curta distância de Atenas.
Para chegar a Atenas e a outros portos no Golfo Sarônico, os navios precisavam fazer um desvio de quase 700 quilômetros ao redor do Peloponeso, uma jornada que não era apenas longa, mas perigosa também. Ventos fortes em torno dos Cabos Matapan e Maleas costumavam incomodar os marinheiros. Por outro lado, tanto o Golfo de Corinto como o Golfo Sarônico eram relativamente calmos e a faixa estreita de terra -Istmo de Corinto- que separava os dois corpos de água tinha apenas 6,4 km de largura no seu estreito.
A ideia de um atalho através desta estreita faixa de terra foi considerada em diferentes momentos por diferentes governantes. A princípio, foi proposto um canal, mas quando a escavação se tornou uma tarefa muito difícil naquela época, os gregos decidiram que preferiam arrastar um navio por terra firme e depois navegar pelo Peloponeso.
Foi assim que construíram uma pista de calcário chamada Diolkos. Na verdade há uma omissão histórica sobre sua construção, então não sabemos quando isso aconteceu, mas pesquisando cartas e cerâmica quebrada escavadas no local, os arqueólogos chegaram a uma data próxima do final do século VII ou início do século VI a.C. Esta foi uma época em que o tirano Periandro governava Corinto. Assim, Periandro é frequentemente creditado como seu construtor, mas essa evidência é apenas circunstancial.
Uma coisa que sabemos com certeza é que os Diolkos são realmente antigos, pois quando o historiador grego Tucídides (460 a.C. - 395 a.C.) escreveu sobre os Diolkos, ele já os descreveu como algo antigo.
Os Diolkos corriam diretamente pela porção mais estreita do istmo, perto de onde o moderno canal de Corinto foi escavado. Tinha cerca de 6 metros de largura e era pavimentada com pedras de calcário duro. Os navios provavelmente eram carregados em algum tipo de plataforma de rodas, tracionados por humanos ou animais ou ambos, através do istmo.
Para reduzir o peso do navio, a carga era descarregada antes de o navio ser içado para os "troles" dos Diolkos e as mercadorias descarregadas eram estão transportadas separadamente por terra. Ao chegar ao terminal da pista, o navio era então baixado no mar, a carga era carregada novamente e o navio continuava sua jornada.
Além do comércio, os Diolkos desempenharam um papel importante na guerra naval entre os séculos V e I a.C.:
- Na guerra do Peloponeso, em 411 a.C., os espartanos atravessaram o local com seu esquadrão.
- Em 220 a.C., os homens de Demétrio de Faros arrastaram cerca de cinquenta navios através do Istmo até a baía de Corinto.
- Três anos depois, uma frota macedônica de 38 embarcações foi enviada por Felipe V, enquanto os maiores navios de guerra faziam a volta ao redor do Cabo Malea.
- Em 31 a.C., durante a Batalha de Actium, o primeiro imperador romano Otaviano avançou o mais rápido possível contra as forças de Marco Antônio e Cleópatra ordenando que parte de sua frota de 260 soldados fosse transportada pelo istmo.
Os Diolkos permaneceram em serviço regular até pelo menos a metade do século I d.C., quando desapareceu repentinamente dos registros escritos. Supostamente, quando Nero começou a cavar um canal em 67 d.C., o trabalho interrompeu o serviço dos Diolkos e partes da pista possivelmente foram danificadas. Os homens de Nero conseguiram cavar cerca de 700 metros quando sua morte súbita colocou o projeto do canal no limbo.
Foram necessários outros 1.800 anos antes que um canal pudesse ser realizado. O Canal de Corinto foi inaugurado em 1893 e a previsão era de que atrairia um grande volume de tráfego marítimo. Infelizmente, o canal é muito estreito, tornando-o inutilizável para os navios modernos. Hoje, o canal é uma mera atração cruzado por pequenos cruzeiros turísticos.
Fonte: Vintage News.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Parabéns pelo excelente trabalho.
Post de História é muito bom !!!
:-)