O site de divulgação filosófica Philosophy Matters designou como sua palavra do ano de 2018 o termo "ultracrepidário", palavra usada para referir-se a alguém que fala ou expressa opiniões sobre algo que está fora do âmbito de seu conhecimento. A palavra foi acunhada em 1819 por William Hazlitt e origina-se no latim ultra (para além) + crepidarius (sapateiro), de crepidae (sandálias gregas de sola grossa). |
De fato, o significado dessa palavra vem de uma história da antiguidade, na qual um dia o afamado pintor grego Apelles ouviu um sapateiro criticando a maneira como ele havia pintado um pé em um quadro. Apelles então disse ao sapateiro sobre como ele não deveria presumir julgar além de sua posição.
A palavra é significativa já que em nossa época quase todos somos ultracrepidários, opinando mos fóruns abertos das redes sociais, consumindo informação superficial e geralmente nos ofendendo quando alguém mais não opina como nós ou como o que foi denominado "politicamente correto", o dogma da sociedade secular.
Ultracrepidários são os cidadãos do Twitter e Facebook e outras redes sociais, que confundem a informação com a autêntica sabedoria. No entanto, há que dizer que isto é um processo longo, pois pessoas como Walter Benjamin ou T. S. Elliot já tinham avisavam que a informação estava substituindo a sabedoria.
Isto chegou a seu ponto mais alto com o chamado dataísmo que predomina em nossa época: a confiança no algoritmo em detrimento do pensamento humano crítico.
Para o Oxford Dictionary a palavra do ano foi "tóxico", um termo que foi usado abundantemente sobretudo em contextos psicológicos e de gênero, mas achamos que a decisão do Philosophy Matters é igualmente interessante.
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Comentários
Esse negócio de não opinar pq não é especialista no assunto é algo delicado.
Nunca roubei e não sou policial, então não entendo nada de crimes. Logo, não posso exigir Lula na cadeia.
Nunca estuprei e não sou mulher, logo, não posso me indignar e exigir quem sabe até mesmo a morte do estuprador.
Esse discurso me lembra um pouco o Ciro Gomes, que nas eleições de 2018 disse que colocaria o ministério público na sua caixinha.
É uma maneira de colocar todo mundo na sua caixinha e assim ninguém manifesta opinião contra nada. Algo ótimo para quem não quer ninguém se intrometendo em seus interesses escusos.
PS: Critico a ideia em si e não a opinião do admin. Sei também os problemas que existem quando cada um acha que entende de determinado assunto.