Por serem lentos e incapazes de morder ou picar, o principal mecanismo de defesa dos milípedes é se enroscar em forma de espiral se protegendo dentro do seu exoesqueleto encouraçado. Algumas espécies também emitem, como defesa secundária, várias secreções líquidas, que são compostos químicos irritantes ou tóxicos como alcaloides, benzoquinonas, fenóis, terpenoides e até cianeto de hidrogênio. Mas algo deu errado na evolução dos piolhos-de-cobra, pois o que pode ser sua defesa, também é sua maldição. |
Estes diplópodes são predados por uma grande variedade de animais e alguns só estão interessados nessa secreção tóxica. Os quatis, macacos-pregos, suricatas e lêmures, por exemplo, irritam ou mordem levemente o piolho-de-cobra para esfregar sua secreção contra os pelos como um repelente de mosquitos.
O lêmure-preto, que como todos os lêmures é endêmico da ilha de Madagascar, tem uma dieta composta principalmente de frutas. Periodicamente, no entanto, o lêmure captura um piolho-de-cobra, mas não para comer, senão que para morder suavemente e ser aspergido com a secreção. Este é o equivalente lêmure de dar uma tragada em um bong.
Depois que o "drogadão" do reino animal morde o milípede, que espalha sua secreção tóxica, o lêmure também esfrega em todo o pêlo. A secreção com benzoquinona funciona como um pesticida natural e afasta os mosquitos transmissores da malária. A secreção também atua como um narcótico, que faz com que o lêmure salive profusamente e fique totalmente banzo e chapado por alguns minutos.
Quanto aos piolhos-de-cobra? Eles geralmente escapam da experiência relativamente ilesos e rastejam até serem encontrados pelo próximo lêmure em busca de uma viagem rápida. Mas se acaso cruzarem com uma rã dendrobátida, os milípedes não tem chance alguma, pois são engolidos vivos. Estes anfíbios tem a particularidade de incorporar os compostos tóxicos dos milípedes para a sua própria defesa, que já é bem peçonhenta por natureza.
A Phyllobates terribilis, uma rãzinha amarelinha bonitinha, por exemplo, tem uma toxina que se iguala com o veneno da vespa-do-mar. Não é por acaso que é conhecida como o vertebrado mais peçonhento do planeta, com veneno suficiente para matar várias pessoas.
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