Raphael Samuel, de Mumbai, 27 anos, prometia até dias atrás que iria processar os pais. O delito: trazê-lo ao mundo sem seu consentimento -em cujo caso teria dito que não-. Ele explicou que estava obcecado com esta ideia desde que era pequeno e se perguntava por que seus pais tinham direito a criá-lo sem seu consentimento. Como não é possível pedir o consentimento antes de nascer, ele argumenta que é um erro ter filhos. |
E tudo isto por que? O argumento de Samuel deriva de um movimento filosófico chamado "antinatalismo", uma perspectiva que razoa que qualquer nova vida humana inevitavelmente implica dor e sofrimento, enquanto o prazer (ainda que bom) seja irrelevante para aqueles que não existem ou nunca existiram.
Por isso, um antinatalista finalmente conclui que teria sido melhor não ter nascido. Como ele explicou à mídia esta semana:
- "Minha vida é boa, mas prefiro não estar aqui. Você sabe que tem ma casa habitação bonita, mas eu não quero estar nessa casa. A humanidade não faz sentido. Muita gente está sofrendo. Se a humanidade extinguir-se, a Terra e os animais seriam mais felizes. Certamente estarão melhor. Ademais, nenhum ser humano sofrerá mais."
Em realidade, o antinatalismo é parte de uma classe mais ampla de filosofias éticas, muitas das quais começam com premissas que a maioria poderíamos compartilhar, para finalmente chegar a conclusões com as quais a maioria estaríamos em desacordo, no mínimo.
Dito pensamento antinatalista remonta ao começo do primeiro e segundo século DC, com algumas interpretações de Gnosticismo e Budismo que propõem a ideia de que é incorreto trazer crianças ao mundo material: um mundo cheio de sofrimento e maldade.
Neste caso particular, a ética centrada no sofrimento é um termo amplo para certa classe de filosofias que, como o antinatalismo, se centra principalmente (ou exclusivamente) na prevenção do sofrimento. Pelo contrário, o utilitarismo clássico centra-se principal ou exclusivamente na criação da felicidade.
Seja como for, o melhor desta surrealista história é que tanto Samuel como os pais parecem ter tomado a situação em termos mais ou menos corretos. Ao menos face ao público. Como contou o pai, não sem verdadeiro sarcasmo:
- "Devo admirar a temeridade de meu filho para querer levar seus pais à justiça sabendo que os dois somos advogados. E se Raphael pudesse dar uma explicação racional de como poderíamos ter buscado seu consentimento para nascer, aceitarei minha culpa."
A mãe, que promete acabar com o filho no tribunal, também não parece muito preocupada:
- "Estou muito contente que meu filho tenha crescido e virado um jovem intrépido e de pensamento independente. Seguramente que um dia encontrará seu caminho para a felicidade."
Ironicamente, Raphael processou os pais em um lugar como a Índia, onde nascem 1,5 milhões de crianças a cada mês. Mais irônico ainda é como alguns internautas vem aconselhando Raphael a acabar com o problema. Se matando. Fim!
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Comentários
Os pais podem argumentar que não pediram pra ele nascer. Estavam apenas buscando um orgasmo quando esse idiota se intrometeu na vida dos dois sem consentimento. Indenização por danos materiais aos pais, pelos gastos pra criar esse vivente.
Uma simples para esse sujeito que não quer estar aqui. Pegue uma 44 cano curto, coloque debaixo do queixo e puxe o gatilho. Em vez de ficar enchendo a moringa do judiciário que, com certeza tem algo mais sério a fazer. É rápido, simples e barato.
Você sabe que a humanidade precisa de um reset quando a parte mais coerente da matéria é: " (...) alguns internautas vem aconselhando Raphael a acabar com o problema. Se matando. "