![]() | Horas após o catastrófico incêndio da catedral de Notre Dame, uma das referência da arquitetura mundial, diversos milionários franceses recorreram à mídia para assegurar que doariam enormes quantidades de dinheiro para sua reconstrução. François-Henri Pinault disse que doaria 100 milhões de euros. Pouco depois, a família Arnaut, donos da Louis Vuitton, prometeu 200 milhões de euros. A classe de multimilionários em poucos dias tinha prometido 600 milhões de euros. |

Ante esta euforia pós-cataclísmica, o presidente Macron, surfou na onda das promessas, prometendo que a catedral seria reconstruída em sua totalidade em 5 anos. Meses depois, no começo de junho, diversas reportagens indicavam que os bilionários haviam doado um grande e gordo 0, nada, niente... As autoridades da catedral assinalaram que os grandes doadores não enviaram cheques, mas que, sim, chegaram doações mais modestas do ... povo.
Após esta notícia na mídia, as duas grandes famílias de plutocratas enviaram rapidinho 10 milhões de euros cada uma, mas nada mais.
Provavelmente, estes magnatas estão esperando maiores detalhes do plano do governo para ver o que vão financiar. No entanto, isto já implica uma espécie de condicionamento e uma possibilidade de exercer pressão e influência. Os bilionários terão acesso exclusivo à "visão" da reconstrução de um marco nacional e podem vetar esses planos, porque se não gostarem deles, poderão reter seu dinheiro.
Atualmente, mais de 150 pessoas trabalham no lugar e seus salários devem ser pagos, assim como todos os materiais e maquinários, ao mesmo tempo em que começam a desalojar as 300 toneladas de chumbo que restaram no teto da igreja, que são um risco tóxico. Além disso mulheres grávidas e crianças que moram nas proximidades estão passando por exames para verificação de possíveis envenenamentos. Mas financiar esse trabalho sujo, sem o glamour da mídia não interessa aos bilionários de bens de luxo, já que este tipo de notícia não estampa as capas de jornais.
Seja na França ou em qualquer lugar, os ricos dão dinheiro às grandes instituições para garantir seu status social em eventos, placas e oportunidades para fotos. Da mesma forma, eles financiam os partidos políticos e, em seguida, aproveitam as propinas quando os governos são formados. Algumas das mesmas pessoas que prometeram doações à Notre Dame também estavam entre as que financiaram a ascensão de Macron à presidência e dentro de alguns meses, o novo presidente reduziu os impostos sobre riqueza, dando aos seus doadores mais ricos um "retorno" em seus investimentos.
Tudo isto mostra a disposição que tem a filantropia em nosso mundo: trata-se, sobretudo, de um capital estratégico.
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Comentários
Para reconstruir uma catedral se junta dinheiro, Porque não acabam com a fome na africa????