Bálsamo do Himalaia: uma planta invasiva que se espalha pela explosão

A Impatiens glandulifera, comumente conhecida como Bálsamo do Himalaia, é uma planta invasora com um sistema de colonização muito peculiar: suas vagens de sementes literalmente explodem quando são tocadas. Esse comportamento nem é tão raro assim e provavelmente você até tenha uma prima desta planta angiospérmica em sua casa: o beijinho ou maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana). Entretanto, a diferença é que a primeira pode lançar suas sementes até 7 metros em todas as direções, que costumam sufocar toda as plantações limitantes .

Nativo da Índia e do Paquistão, o Bálsamo do Himalaia conseguiu invadir 23 países europeus, bem como os Estados Unidos, o Canadá e até a Nova Zelândia. Suas vagens de sementes que explodem permitem que a planta se espalhe rapidamente em moitas praticamente inexpugnáveis que atingem mais de 3 metros de altura, sufocando todas as outras plantas até a morte.

No entanto, os humanos desempenharam um papel muito importante em sua colonização bem-sucedida pelo mundo. Ela não é apenas mais uma planta invasora, assim como sua prima é muito atraente.

O Bálsamo tem belas flores roxas que as pessoas amam tanto que, historicamente, espalham sementes na natureza apenas para vê-las nas laterais das estradas. Hoje, muitas comunidades ao redor do mundo estão lutando para manter a praga sob controle, organizando sessões de corte sazonais para limpar grandes áreas de terra e proteger outras plantas.

O Bálsamo do Himalaia foi introduzido no Reino Unido em 1839 como uma estufa e uma planta de jardim, mas levou apenas algumas décadas para escapar à natureza. Além de suas flores atraentes, as vagens de sementes explodindo as tornam excepcionalmente atraentes para crianças.

De fato, houve uma época em que a planta era comercializada como uma atração inovadora infantil, sob o nome "Planta Explosiva do Sr. Noisy" e, apesar de suas tendências invasivas conhecidas agora, as pessoas ainda adoram apertar essas vagens a cada chance. É uma experiência estranhamente satisfatória.

Quando maduras, as vagens de sementes do Bálsamo do Himalaia irão explodir ao menor dos estímulos. Simplesmente tocá-las com o dedo, balançar o caule da planta ou até mesmo passar por eles pode fazer com que as vagens se abram, lançando as sementes a metros de distância em todas as direções. Cada planta tem dezenas de vagens que contêm uma média de 800 sementes, de modo que uma moita de Bálsamo do Himalaia pode conter até 30.000 dessas pequenas semente esperando para se enraizar.

O principal problema com esta planta é que ela é muito agressiva, matando as plantas nativas até que seja a única que resta. Isso é particularmente problemático nos leitos dos rios, onde deixa vastas áreas de terra expostas a invernos rigorosos, bem como à erosão. Ela já foi responsabilizada por desastres naturais, como deslizamentos de terra e alteração do fluxo de rios, casando inundações.

Para entender, basta ver um jardim de maria-sem-vergonha: durante a primavera ela se espalha para todos os lados e ainda que não seja invasora cria áreas vastas que adentram outras folhagens criando tapetes enormes de flores. Mas no inverno a Impatiens morre e, no caso do Bálsamo do Himalaia o solo fica nu, com alto risco de erosão.

Maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana)

Para combater os efeitos dessa planta no meio ambiente, os conservacionistas organizam regularmente grupos de limpeza para arrancar a planta de áreas particularmente sensíveis. O problema é que tais ações precisam de um planejamento cuidadoso, pois se as vagens estiverem relativamente maduras, o menor toque pode fazer com que elas estourem, atirando sementes frescas em todos os lugares e mantendo o ciclo.

Curiosamente, o próprio nome latino da planta, Impatiens glandulifera, fala de sua impaciência para se espalhar por toda parte, usando um mecanismo evolutivo fascinante.

Fonte: BBC.