Depois de cem anos: previsões sobre o ano 2020 feitas em 1920

Publicado na edição de 29 de setembro de 1920 do Dayton Daily News, o editorial acreditava que formas totalmente novas de energia seriam utilizadas em 2020, e ainda que a energia eólica, a solar e a nuclear sejam fontes de energia hoje em dia, as antigas formas, como carvão e combustíveis fósseis, ainda dominam o setor. As previsões do jornal fazem certo sentido, sobretudo quando arriscam a dizer que as crianças nascidas naqueles anos não veriam 2020 chegar, dado que a expectativa de vida era de apenas 54 anos. Pois alguns conseguiram para atestar que o editorial era um pouco otimista com o ritmo da mudança.

De qualquer forma, as mudanças de lá para cá foram maiúsculas. 100 anos atrás não tinha viagem espacial. Não havia nenhum satélite ou a ISS. De fato, o primeiro avião de passageiros fez seu primeiro voo de teste seis anos antes, em 1914, com apenas 16 pessoas. Sim, a aviação estava engatinhando. De lá para cá colocamos milhares de satélites no espaço, fomos até a Lua e temos robôs perambulando em Marte.

100 anos atrás, não havia internet. A comunicação era bem diferente. De fato, a primeira chamada telefônica de longa distância foi feita em 1915 por Graham Bell em Nova Iorque e Thomas Watson em São Francisco. Hoje nos matamos discutindo na internet com pessoas de qualquer canto do mundo em tempo real.

100 anos atrás não havia nenhum computador de verdade e o mundo teria que esperar mais cinco anos para a chegada da televisão. De fato, para ser honesto, faz pouco mais de cem anos que inventaram um trambolho chamado "Computador Instrumental Ford", que não era nada mais do que um dispositivo analógico mecânico. Hoje carregamos computadores poderosos no bolso.

O mundo 100 anos atrás era muito diferente. Só para que tenham uma ideia, em 1920 a população mundial rondava em torno de 2 bilhões de pessoas, e só nos últimos 100 anos quase quadruplicamos isso, chegando a 7,53 bilhões. Pode até ser questionável, mas é bem provável que nos últimos 100 anos tenham ocorrido mais mudanças em nosso planeta do que em toda a história humana.

A verdade é que sempre subestimamos as coisas que podemos fazer em curto prazo, sobrestimando totalmente o que podemos fazer em longo. Talvez tenha sido essa a premissa do editorial que traduzimos na íntegra abaixo:

Daqui a cem anos, trará algumas mudanças importantes nesta cidade e no país. Se você parar para refletir por um momento sobre o que um século trará à luz, obterá a visão de algumas das coisas que provavelmente marcarão os próximos 100 anos. Poucas das 113.000.000 de pessoas que agora compõem a população da América estarão vivendo quando o ano de 2020 for inaugurado. Mesmo os bebês em seus berços ou filhos que nascerão nos próximos cinco anos dificilmente sobreviverão no próximo século.

Dificilmente um edifício agora em pé estará em pé então. Casas de madeira podem não ser conhecidas em 2020. Os bondes, vagões ferroviários e outros métodos familiares de viagem, sem dúvida, terão passado pelo caminho da história daqui a um século.

De todas as agências que os homens usam hoje apenas a eletricidade deve sobreviver. Muitos cientistas acreditam que o carvão e o petróleo terão desaparecido em uso comum dentro de um século. Alguém sugeriu que o ar e a água fornecerão nossos métodos de calor e energia em 2020.

Ninguém pode duvidar que as máquinas voadoras de um tipo novo e importante, hoje desconhecido, serão usadas em geral um século depois. Os aviões provavelmente serão movidos a eletricidade, com baterias de armazenamento fornecendo energia.

Não é provável que a gasolina seja utilizada em 2020. O problema do combustível será resolvido de uma maneira muito diferente da que está resolvida agora. O ar fornecerá uma imensa força motriz para várias coisas. O sol, sem dúvida, será chamado a fornecer a maior parte do calor utilizado pela humanidade. Fora das águas da face da terra, algo será desenvolvido para o benefício da família humana.

O automóvel será sucedido por algo totalmente diferente. Cavalos e vacas podem não ser conhecidos.

Os estudantes da raça humana nos disseram que o homem primitivo, como o animal primitivo, era de grande estatura. Os ossos que os cientistas desenterraram verificaram isso. Talvez os seres humanos daqui a um século se tornem muito menores ou muito maiores do que são hoje. Tudo terá mudado.

Um século atrás nos deu uma quantidade ilimitada de grandes invenções, a máquina de costura, ferros elétricos, lavadoras elétricas, aviões, automóveis, rádio e eletricidade. Nos próximos 100 anos, esse processo de alargamento continuará até atingir alturas ainda maiores.

Pode não ser uma imagem alegre para pintar, mas a maioria de nós não estará aqui para ver o ano de 2020 rolar. Mas podemos ter certeza de que o tempo trará mudanças e melhorias. Esta é uma terra progressista e o progresso marcou todos os anos seguintes desde o início.