Embora as lojas de conveniência já sejam bastante populares no Brasil, elas estão quase que circunscritas aos postos de gasolina, e não são nada comparadas às chamadas lojas "konbini" encontradas em todas as esquinas de todas as ruas de grandes cidades do Japão. Franquias, em geral, elas facilitam a vida das pessoas comuns, oferecendo uma ampla gama de serviços, como caixas eletrônicos, wi-fi, impressão, serviços de entrega, além dos produtos. Tudo em um só lugar, dia e noite. De fato, o que torna as lojas de conveniência japonesas tão convenientes é que elas ficam abertas todas as 24 horas do dia, 365 dias por ano. |
Então, quando o proprietário de uma dessas lojas decidiu fechar seu negócio por um dia no ano novo, ele foi notícia nacional. No mês passado, Mitoshi Matsumoto deixou de ser um dos milhares de franqueados das lojas de conveniência 7-Eleven e se tornou uma espécie de celebridade nacional.
Ele e sua esposa compraram a loja em Higashi-Osaka em 2012, e tudo correu bem até que a Sra. Matsumoto faleceu tragicamente em 2018, deixando Mitoshi para cuidar da loja sozinho. Ele estava trabalhando 14 horas por dia e, como não conseguia encontrar pessoas dispostas a trabalhar lá, teve que pedir ao filho que deixasse a faculdade para ajudá-lo nos negócios.
Em fevereiro de 2019, Matsumoto estava tão cansado das horas de trabalho draconianas exigidas pelo estabelecimento que anunciou que iria fechar a loja entre 1h e 6h da manhã. Como mencionei, grande parte do culto às lojas konbini tem muito a ver com o fato de serem todas ininterruptas. Então o anúncio de Matsumoto foi muito mal recebido pela 7-Eleven. A empresa disse ao proprietário da franquia que ele corria o risco de ter seu contrato revogado, além de uma multa de 17 milhões de ienes (uns 650 mil reais), mas ele não decidiu ignorar e começou a fechar a loja por algumas horas todas as noites.
A 7-Eleven estava decidindo se ia tomar medidas contra Matsumoto depois que ele quebrou as regras e começou a fechar sua loja, mas ele foi ainda mais longe, anunciando que ficaria fechado por um dia inteiro para que ele e seus dois funcionários em período integral pudessem ter uma folga no Ano Novo com seus familiares.
Essa foi a gota d'água, e a 7-Eleven rescindiu seu contrato. Os motivos oficiais dados pela empresa foram que Matsumoto estava reclamando da marca 7-Eleven nas mídias sociais e por causa das repetidas reclamações de clientes, mas o dono da loja e seus apoiadores afirmam que a empresa só quer fazer dele um exemplo para que outros franqueados não façam o mesmo.
Desde o início do impasse entre Mitoshi Matsumoto e a controladora da 7-Eleven, a franquia foi desconectada da rede, o caixa eletrônico parou de funcionar, os sistemas de computadores foram todos desconectados e as mercadorias não estão mais sendo entregue pelos fornecedores. As prateleiras estão quase vazias e o que resta para vender está sendo vendido com descontos consideráveis. Agora é basicamente uma konbini fraudulenta, sem vínculos com a controladora. Pelo menos até que o processo entre as duas partes seja resolvido.
- "Eu ainda acho que é 7-Eleven", disse Matsumoto. - "Basicamente, estamos apenas vendendo os produtos até que a disputa seja resolvida. Depois disso, se a justiça decidir que estou errado, entregarei a loja e vou embora. Se eu estiver certo ... não sei o que farei a seguir."
O caso provocou um acalorado debate no Japão, com alguns lados da empresa-mãe e outras redes de lojas de conveniência argumentando que a loja konbini japonesa é tradicionalmente aberta 365/24/7 e que Matsumoto sabia bem disso desde o início. Outros afirmam que longas horas de trabalho já são um grande problema no Japão, e que essa cultura ininterrupta da konbinis só está piorando as coisas.
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