Na semana passada, o amigo Rusmea me enviou, via Facebook, a dica de uma matéria sobre as centenas de novas covas escavadas no Cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo. A foto de Nelson Almeida da AFP acabou virando capa do Washington Post com o título "Contágio pode esmagar o mundo em desenvolvimento". Pese que o prefeito Bruno Covas tenha afirmado que aquilo era normal após o período de chuvas, a história parecia descortinar outra realidade. |
Ainda que esta pandemia desgraçada deve cobrar a vida de muitas pessoas, a atitude do prefeito parece claramente de alarmismo, com o já grave problema da covid-19. Isso definitivamente não é bom, pois acaba espalhando o caos e o pânico em uma população já francamente desesperada.
Covas não está sozinho em seu alarmismo. Até agora, a cidade ucraniana de Dnipro registrou apenas 13 infecções por coronavírus e nenhuma mortalidade atribuída à covid-19, mas as autoridades locais já cavaram mais de 600 sepulturas novas, só para ter certeza.
Não querendo arriscar o mesmo tipo de insubordinação de seus eleitores, Borys Filatov, o prefeito de Dnipro, uma cidade de quase um milhão de pessoas, escreveu no Facebook que as autoridades locais estavam se preparando para o pior, acrescentando que mais de 600 novas sepulturas já foram cavadas em preparação para as mortes previstas.
- "Estamos nos preparando para o pior. Não 400, mas 600 sepulturas foram cavadas nos cemitérios da cidade para o possível enterro dos mortos por coronavírus. Mil sacos grossos foram comprados para guardar corpos", escreveu Filatov.
A porta-voz do prefeito de Dnipro, Yulia Vitvitska, confirmou à AFP que a cidade cavou 615 sepulturas e reservou 2.000 sacos para corpos, em preparação para as mortes do covid-19. O prefeito Filatov também mencionou que os médicos serão proibidos de realizar autópsias em pessoas que possivelmente tenham morrido da infecção por coronavírus.
E como se essas declarações não fossem suficientes para assustar as pessoas a obedecer às regras sociais de distanciamento na cidade, fotos de centenas de túmulos recém cavados em um grande campo cercado por floresta em um cemitério alinhado com cruzes ortodoxas fora da cidade também começaram a rondar on-line.
A resposta às declarações do prefeito foi polarizada, com alguns creditando-o por adotar uma abordagem correta, coagindo psicologicamente as pessoas a serem mais cautelosas, e outros acusando-o de criar mais pânico entre os moradores já ansiosos e também pela vontade de ver gente morta e de inflacionar a morte pela covid-19.
O próprio Filatov não se desculpou por suas declarações, dizendo mais tarde, que ele só ficará feliz se as covas não forem úteis:
- "Isso não é pânico, mas logística. Deus não permita que precisaremos das sepulturas e sacos de corpos."
Segundo o Painel Coronavírus do Ministério da Saúde, o Brasil tem nesse momento 15.927 casos confirmados de covid-19 e 800 óbitos.
As últimas 24 horas registraram o maior número de contágios desde o começo da pandemia com 2.210 novos casos. São Paulo acumula mais de 40% de contagiados, como 6.708 casos e 428 mortes. Tocantins é o único estado sem nenhum óbito e a taxa de letalidade média do país ronda os 5%.
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Comentários
Exceto que ele de certa forma está certo.
Moro na Itália e no início foi a mesma coisa, era só uma gripe, e hoje morre cerca de 600 pessoas por dia por causa do vírus, tem fila pro crematório de 1 mês, não tem mais espaço no IML. É a realidade, quando começar a espalhar, vai ser isso mesmo.