Organizações de Direitos Humanos denunciaram que Fatemeh Khishvand, mais conhecida como Angelina Jolie (ou noiva-cadáver) iraniana, contraiu o coronavirus Sars-CoV-2 que provoca a doença covid-19 e pediu para continuar sua sentença em sua casa para evitar morrer na prisão. Sob o pseudônimo Sahar Tabar, Fatemeh se tornou mundialmente famosa no Instagram por ter se submetido, segundo os tabloides britânicos, a mais de 50 cirurgias para se parecer fisicamente a Angelina Jolie (depois de morta e enterrada). |
Entretanto, mais tarde Fátima revelou que sua aparência em realidade não tem nada a ver com aquela criatura esquálida e assustadora que se popularizou no Instagram, senão que assegurou que seu estranho aspecto se devia mais ao Photoshop e a maquiagem.
Fatemeh foi detida em outubro último sob acusações de cometer "blasfêmia" e corrupção da juventude em suas redes sociais. De fato, o tribunal de orientação de Teerã, que se ocupa de delitos culturais e casos de corrupção moral e social, acusou Sahar de incitação à violência; indução de suborno aos jovens; não cumprir o código de vestimenta nacional; cometer blasfêmia e obter rendimentos por meios ilícitos.
Na última segunda, o Centro pelos Direitos Humanos no Irã (CHRI, por suas siglas em inglês) denunciou que, além da arbitrária detenção, a modelo foi contagiada pelo novo coronavírus.
- "Parece inaceitável que esta jovem tenha contraído o coronavírus nestas circunstâncias enquanto sua ordem de detenção se estendeu durante todo este tempo na prisão", disse o advogado de direitos humanos Payam Derafshan.
O juiz Mohammad Moghiseh da Seção 28 do Corte Revolucionária recusou repetidamente as solicitações de libertação de Fátima sob fiança, apesar de que outros presos envolvidos, todos homens, tenham sido soltos temporariamente desde o surto de covid-19 do país.
- "Fomos ao escritório de Moghiseh muitas vezes e pedimos que cancelasse a ordem de detenção e outorgasse a liberdade sob fiança. Todas as demais pessoas acusadas neste caso foram liberadas e nossa cliente é a única que permaneceu presa... Mas o juiz insiste que não."
Quando o judiciário iraniano emitiu uma ordem de soltura de suspeitos e prisioneiros com crimes menores antes de 20 de março, Payam recorreu a Moghiseh e novamente recebeu um não. E agora que o coronavírus se propagou, seguem procurando Moghiseh que sumiu do tribunal.
- Dizem que está ali, mas não conseguimos falar com ele", acrescentou o advogado.
Pouco depois de ser detida, a jovem conversou com um canal de televisão iraniana (IRTV2), mas, seguindo determinação da justiça, seu rosto teria que ser desfocado. Ela falou a respeito de sua relação com as redes sociais e como estas modificaram sua vida. Durante a entrevista, a mulher de 23 anos detalhou que a aceitação por parte das pessoas para as publicações que realizava foram um dos elementos que a incitaram a continuar postando o tipo de conteúdo relacionado com seu aspecto.
- "Meu sonho da infância era ser famosa", disse Sahar. - "Vi que as pessoas seguiam o que eu fazia e, quando os 'likes' começaram a crescer, senti que estava fazendo o correto."
No entanto, a fama não chegou da melhor forma, pois esta foi uma conseqüência de ter publicado imagens dela com um aspecto alterado, o que se fazia evidente graças à maquiagem e à edição das fotografias.
- "Minha mãe pediu que parasse, mas não escutei. Às vezes, as palavras de um estranho ou um amigo podem ser mais importantes que as de um pai", comentou a mulher que tinha milhões de seguidores nas redes sociais.
Fatemeh Khishvand, que é a filha única de um casal divorciado, também explicou que o objetivo de suas cirurgias não era ter um aspecto similar ao de Angelina Jolie, como apontaram os meios ocidentais, mais bem, assinalou talvez com ironia, buscava parecer à personagem Emily do filme "A Noiva-Cadáver", de Tim Burton.
Instagram é a única aplicação de redes sociais nos Estados Unidos que os cidadãos podem usar legalmente no Irã. Como as formas tradicionais de publicidade são severamente censuradas no país, muitos iranianos dependem em grande parte da aplicação para comercializar seus produtos e serviços.
Os jovens iranianos também usam a rede social de compartilhamento de fotografias para praticar a liberdade de expressão, que é severamente restrita sob o regime teocrático. Em 14 de abril, Mehdi Mohammadi, diretor da prisão Shahr-e Rei onde se encontra Fátima, disse que a jovem instagramer não tinha covid-19.
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