Trump propõe usar a luz do sol e injeções de desinfetante para vencer a covid-19

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira que a luz do sol e as injeções de desinfetante poderiam ajudar na luta contra o coronavírus. Suas declarações rapidamente se converteram em alvo de críticas por parte de especialistas e inclusive de fabricantes do produto, que advertiram de que o uso destes métodos pode inclusive levar à morte.

As palavras do mandatário ocorreram após William Bryan, chefe da Direção de Ciência e Tecnologia do Departamento de Segurança Nacional dos EUA, afirmar durante uma conferência de imprensa que o coronavírus se debilita mais rapidamente graças à luz solar e o calor. Também declarou que o cloro (ou água sanitária) pode matar o vírus em 5 minutos, enquanto o álcool isopropílico o faz inclusive com maior rapidez.

Nesse contexto, Trump dirigiu-se posteriormente a Deborah Birx, que coordena a resposta do Governo federal à epidemia, e sugeriu a possibilidade de expor o corpo dos doentes "a uma tremenda luz, seja ultravioleta ou só uma luz muito poderosa", acrescentando que:

- "A luz pode ser levada para dentro do corpo através da pele ou de alguma outra maneira. Acho que você disse que iam provar isso também. Soa interessante", afirmou o mandatário.

Trump celebrou sua sessão informativa diária sobre a covid-19, tal e como tem feito durante semanas, falando sobre coisas das quais não está qualificado para falar, especialmente quando falar sobre possíveis tratamentos para a doença que até agora alcançou mais de 903.202 e matou 50.952.

- "Vejo que o desinfetante o elimina em um minuto", afirmou, perguntando se - "Há alguma maneira de que possamos fazer algo assim mediante uma injeção dentro ou quase uma limpeza. Como veem, entra nos pulmões, faz um efeito tremendo nos pulmões, de modo que seria interessante comprovar", comentou.

Vários especialistas mostraram sua rejeição às declarações de Trump, precisando que estes métodos podem resultar fatais para uma pessoa.

- "O conceito de injeção ou ingestão de qualquer tipo de produto de limpeza no corpo é irresponsável e perigoso", disse o pneumologista Vin Gupta, agregando que se trata de um método comum que as pessoas utilizam quando querem se suicidar.

- "Qualquer quantidade de água sanitária ou de álcool isopropílico ou de qualquer tipo de produto de limpeza é inapropriado para a ingestão inclusive em quantidades pequenas. Quantidades pequenas são mortais", advertiu.

Por sua vez, outro pneumologista, Kashif Mahmood, assinalou o óbvio:

- "Não é recomendável injetar desinfetante nos pulmões ou usar radiação ultravioleta dentro do corpo para tratar a covid-19. Não sigam os conselhos médicos de Trump", pediu em sua conta de Twitter.

Reckitt Benckiser, fabricante de produtos de limpeza e higiene, emitiu um comunicado hoje mais cedo advertindo que as ideias do presidente Trump eram realmente perigosas, sem nomear o presidente diretamente:

- "Como líder mundial em produtos de limpeza e higiene, devemos ser claros em que sob nenhuma circunstância nossos produtos desinfetantes devem ser administrados no corpo humano (através de injeção, ingestão ou qualquer outra via). Como todos os produtos, nossos desinfetantes só devem ser usados segundo o previsto e de acordo com as pautas de uso. Leia a etiqueta e a informação de segurança."

A verdade é que a imprensa internacional parece passar um bom momento com as declarações idiotas do presidente Trump, inclusive pessoas que costumam ser partidárias, que, conquanto, geralmente estão de acordo com o presidente, acham que provavelmente ele deveria deixar os conselhos médicos aos especialistas.

P.s.: Agora, no final da tarde, Donald Trump >a href="https://www.businessinsider.com/coronavirus-live-updates-latest-news">assinalou que seus comentários sobre o uso de injeções de desinfetante como um possível método para tratar os infectados com coronavírus foram sarcásticos (não foi o que pareceu).

- "Fiz esta pergunta só sarcasticamente, a jornalistas como você, só para ver o que ocorreria", disse o mandatário na sala oval, depois de uma pergunta de uma correspondente da CBS News.