O premiê australiano Scott Morrison e o ministro de Assuntos Internos Peter Dutton permanecem impassíveis enquanto os diplomatas chineses desesperados abandonam o decoro devido à insistente pressão de Austrália para que seja realizada uma investigação internacional sobre a origem e a gestão desarranjada do surto do novo coronavírus em solo chinês, que desatou a pandemia mundial, que até o momento cobrou a vida de 227.300 pessoas e infectou mais de 3.205.972. |
- "A Austrália continuará seguindo o que é um curso de ação muito razoável e sensato. Este é um vírus que matou centenas de milhares de pessoas em todo mundo. Paralisou a economia mundial", disse Morrison aos jornalistas hoje, 29 de abril, mais cedo. - "Não ficamos presos os pontos de vista que fazemos sobre estas coisas. Mantemos a posição que temos."
Em uma entrevista também hoje no começo do dia, Dutton disse que não vão se curvar a ameaça feita pelo embaixador chinês no começo da semana:
- "Por suposto que não nos desviaremos do caminho para tratar um assunto muito sério. Não vão nos forçar a fazer algo ou sucumbir às ameaças de ninguém."
Os comentários ocorreram depois que a embaixada chinesa em Canberra vazou sua versão de uma conversa do 28 de abril entre a diplomata australiana de alto nível Frances Adamson e o embaixador chinês Cheng Jingye.
Além da investigação, Austrália está buscando apoio internacional para a reforma da Organização Mundial da Saúde com o fim de evitar que no futuro se repitam as ações que contribuíram a que o surto de Wuhan se convertesse em uma pandemia mundial. Isto inclui a difusão por parte da organização das Nações Unidas da informação catastroficamente incorreta de que o vírus não era transmissível de pessoa a pessoa.
Horas após o vazamento da embaixada chinesa aos meios de comunicação australianos, o Departamento de Assuntos Exteriores e Comércio (DFAT, por suas siglas em inglês) emitiu uma declaração em que lamentava a decisão da embaixada de por descumprir as práticas diplomáticas "de longa data". Disse por sua vez que o DFAT continuaria agindo de acordo com os mais altos padrões de profissionalismo, cortesia e respeito.
Hoje, a embaixada chinesa emitiu uma resposta em que acusava os funcionários públicos australianos de filtrar informação e o conteúdo da chamada telefônica aos meios de comunicação. A embaixada disse que a China não "joga sujo", mas depois passou a contradizer a própria declaração dizendo:
- "Mas se outros o fazem, temos que corresponder", demonstrando o contrário.
O regime chinês fez-se ouvir cada vez mais em suas queixas sobre os servidores públicos e os meios de comunicação australianos que falam e informam sobre o novo coronavírus. As tensões intensificaram-se nesta semana depois que Cheng, em uma entrevista, disse ao Australian Financial Review que o "público chinês" poderia boicotar os produtos e universidades australianas se decidissem pesquisar as origens do vírus. Isto foi visto como uma ameaça por muitos na Austrália.
- "Acho que alguns dos comentários estão muito fora de lugar e são lamentáveis", disse o ministro de Assuntos Internos. Já o tesoureiro Josh Frydenberg disse que as últimas críticas da China a Austrália são absurdas.
- "É prudente e sensato que tenha uma investigação independente e transparente sobre as origens desta pandemia mundial", disse ontem. - "Não vamos nos curvar ante uma a coerção econômica, seguiremos falando em interesse nacional da Austrália e não trocaremos os resultados da saúde pelos resultados econômicos."
O ex-ministro do Trabalho Stephen Conroy disse à imprensa local que o vazamento da embaixada de "alguns comentários editados" de uma conversa com a secretária do DFAT foi para seu próprio benefício e demonstra que não estão interessados em voltar ao status quo. Segundo ele, o PCC quer sucumbir a Austrália a sua vontade.
O que está em jogo para China
Outro que elevou bem o tom foi Michael Shoebridge, diretor do programa de Estratégia e Política de Defesa e Segurança Nacional do Instituto Australiano de Política Estratégica, que disse que as ações da China são "puro desespero disfarçado de força".
“Há muito em jogo para o governo chinês, não só internacionalmente, senão também a nível nacional, porque uma investigação internacional crível sobre a pandemia e os eventos e ações dentro da China no começo, enterrará a história de Pequim dizendo que o PCC triunfou sobre a covid-19", disse Shoebridge.
A embaixada chinesa na Austrália não está atuando de maneira diferente de outras no mundo. Shoebridge disse que vários embaixadores foram alertados por seus governos anfitriões por um comportamento agressivo similar.
- "Este comportamento do embaixador Cheng e da embaixada chinesa mostra a enorme pressão que Pequim está submetida devido a sua falta de transparência sobre o começo da pandemia em Wuhan e o papel das autoridades chinesas na primeira parte do que agora é uma crise econômica e de saúde pública mundial", disse Shoebridge.
As ameaças econômicas da China
O sucesso das relações comerciais com a China dependerá do total respeito a soberania e independência da Austrália, disse o premiê aos jornalistas.
Morrison acha que Austrália e China podem manter sua associação estratégica, inclusive enquanto investigam as origens do vírus e porque o regime chinês demorou tanto ara responder, enquanto mentia para o resto do mundo. Ele também não parece temer a ameaça das consequências econômicas.
- "A Austrália encontrará mercados, como já fizemos durante muito tempo, em todo mundo", disse. - "O predomínio de nossa relação comercial com a China baseia-se obviamente nos recursos, e não vejo nenhuma razão pela qual isso se alteraria no futuro. O que ocorre com nossa relação com a China é que é mutuamente benéfica."
O que o premiê diz, de forma indireta, é que a Austrália sempre poderá encontrar outros países para comprar seu excedente de recursos, mas Pequim terá que se esforçar muito para manter alimentos na mesa do povo chinês. De fato, é uma estratégia bem estúpida e despótica sair por ai ameaçando soberanias com base no seu poder de compra. Que você tenha grana para comprar, não reside no outro a obrigação de vender.
Chamadas para reajustar as relações com a China
O senador de partido independente Rex Patrick disse em um comunicado de imprensa de 29 de abril que as relações da Austrália com a China precisavam de um reajuste depois da ameaça de Jingye de um boicote chinês.
- "O embaixador revelou a verdadeira cara diplomática da China e confirmou as preocupações sobre a preferência do PCC pelo controle e coerção em vez da associação", disse Patrick. - “A Austrália encontra-se em um ponto de inflexão estratégico, diplomata e econômico em nossas relações com a China", disse.
Tempo nublado para as embaixadas chinesas
O caso é que os embaixadores chineses "nervosinhos" terão um tempo bem ruim pela frente. Hoje de manhã Trump foi questionado por um repórter sobre a aparente intenção da Alemanha de pedir uma indenização de 160 bilhões de dólares à China, relacionada ao impacto que o vírus teve na economia europeia.
- "Temos maneiras de fazer as coisas muito mais facilmente do que isso", respondeu Trump, acrescentando: - "A Alemanha está olhando as coisas, e nós estamos olhando as coisas, e estamos falando de muito mais dinheiro do que a Alemanha."
O presidente americano disse que ainda não determinaram o valor final, mas que é muito substancial:
- "Existem várias maneiras de responsabilizá-los. Estamos fazendo investigações muito sérias, como você provavelmente sabe. E não estamos felizes com a China. Não estamos felizes com toda essa situação", insistiu Trump.
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