O estudo foi publicado hoje mais cedo pelo revista especializada The Lancet e muitos cientistas coincidiram em que os resultados provam que a droga não deveria ser administrada a pacientes com coronavírus.
Trata-se do maior estudo realizado até a data sobre os riscos e benefícios de tratar pacientes de covid-19 com medicamentos antipalúdicos. De qualquer forma é bom asseverar que a pesquisa doi baseada em uma análise retrospectiva de registros médicos, não em um estudo controlado em que os pacientes se dividiram aleatoriamente em grupos, que é o método considerado o padrão na medicina.
Contudo, a amplitude do estudo resultou convincente para amplos setores da comunidade científica, segundo um artigo do Washington Post.
- "Uma coisa é que não trouxesse benefícios, mas isto demonstra que provoca um dano evidente", disse Eric Topol, cardiologista e diretor do Instituto Scripps Research Translational. - "Se alguma vez teve esperança para esta droga, este é seu final", acrescentou.
David Maron, diretor de cardiologia preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, disse que - "...estes achados não proporcionam absolutamente nenhuma razão para o otimismo de que estes medicamentos poderiam ser úteis na prevenção ou tratamento da covid-19."
Estudos anteriores já falavam de evidência escassa que respalde os benefícios da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes doentes, enquanto sim aumentaram os relatórios de problemas cardíacos perigosos associados com seu uso.
Como resultado, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos advertiu no mês passado contra o uso do medicamento fora dos meios hospitalares ou ensaios clínicos.
A nova análise, realizada pelo professor e médico da Faculdade de Medicina de Harvard, Mandeep Mehra, no Hospital Brigham and Women's, incluiu pacientes positivos para covid-19 que foram hospitalizados entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020 em 671 centros médicos em todo mundo. A idade média dos pacientes é de 54 anos, e 53% eram homens. Os que estavam ligados a respiradores ou tinham recebido remdesivir -um medicamento antiviral fabricado por Gilead Sciences que demonstrou a diminuição do tempos de recuperação-, foram excluídos do estudo.
Em uma entrevista recente, Mehra disse que o uso generalizado de antimaláricos para pacientes com covid-19 se baseou na ideia de "uma doença desesperada exige medidas desesperadas", mas que aprendemos uma dura lição da experiência. Em retrospectiva, disse Mehra, usar as drogas sem provas sistemáticas é imprudente.
- "Desejaria ter tido esta informação desde o princípio", disse, - "Já que potencialmente houve dano para os pacientes."
Quase 15.000 dos 96.000 pacientes na análise foram tratados com hidroxicloroquina ou cloroquina apenas ou em combinação com um outro tipo de antibiótico.
Contudo, a diferença entre os pacientes que receberam os antipalúdicos e os que não receberam foi surpreendente: para aqueles que receberam hidroxicloroquina, teve um aumento de 34% no risco de mortalidade e um aumento de 137% no risco de arritmias cardíacas graves.
Para os que receberam hidroxicloroquina e um antibiótico, o coquetel respaldado por Trump, teve um risco 45% maior de morte e um risco 411% maior de arritmias cardíacas graves.
Os que receberam cloroquina tinham um risco 37% maior de morte e um risco 256% maior de arritmias. Para aqueles que tomaram cloroquina e um antibiótico, teve um aumento de 37% do risco de morte e um aumento de 301% no risco de arritmias cardíacas.
Após o médico francês Didier Raoult asseverar que a droga tinha curado seus pacientes no hospital La Timone, em Marselha, vários países do mundo buscaram fornecer dita droga para os casos de covid-19. Até o presidente dos Estados Unidos afirmou que a hidroxicloroquina, menos tóxica que a cloroquina original, era uma cura, e depois disse que estava tomando como medida profilática contra o coronavírus.
Ademais, e ainda que a Organização Mundial da Saúde esteja gozando de verdadeiro descrédito no mundo todo, o organismo recomendou na quarta-feira não administrar hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes com covid-19 porque estava fazendo uma série de estudos controlados com o medicamento.
Outro estudo, publicado na semana passada na JAMA Network, também chegou a conclusão que o uso de hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 elevou o índice de mortalidade e paradas cardíacas.
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Comentários
Para começar The Guardian é um jornal britânico e para continuar o estudo não foi considerado fraude coisa nenhuma. Houve muitas contestações e no fim a Lancet e os próprios cientistas que fizeram o estudo se retrataram pela impossibilidade de fazer uma revisão por pares sem que isso invadisse a privacidade dos envolvidos. A OMS voltou a fazer o estudo, mas ao que parece estão esperando o coronga se espalhar de vez para depois divulgar algum remédio.
Só pra constar. Esse estudo foi FRAUDE, ja comprovada pela revista THE GUARDIAN. Então isso só prova que a OMS é muito incompetente ou age de má fé para que um remédio de custo ridículo de barato não seja usado, e o motivo a gente fica a imaginar...
A galera do rebanho não se convence. A pandemia não é de malária nem de lúpus, precisa desenhar?
Cloroquina não resolve, os cientistas testaram e não funciona, simples. Não vou seguir um lunático que vive de lamber o saco de um americano escroto pra c*ralho.
E ao contrário do que você disse: 'Estes pesquisadores não estão a serviço do bem estar do povo!' parece que é o contrário. Se a cloroquina piora o quadro da doença, devia ser evitada.
O remédio é recomendado para malária, Augusto. Eu também já tomei quando fiquei em Manaus. Mas parece que não responde para o novo vírus. Eu também tenho esperança na cloroquina, mas uma análise desta envergadura me leva a rever isso.
Interessante! Toda vez que eu era deslocado para a região norte a trabalho! Tomava cloroquina! Prevenção contra a malária! Trabalhei perto de garimpos e na semana que eu não tomei peguei malária! Tratei com cloroquina e melhorei! Soldados do exército que servem no norte, toma cloroquina, pessoas com lúpus toma cloroquina! E isso há anos! Não vão ser cinco ou seis dias que vão provocar estes problemas! Uma bula de Novalgina tem mais efeitos colaterais nocivos do que a cloroquina que já é usada há 100 anos! Tudo que se tinha para saber dela já foi descoberto! Estes pesquisadores não estão a serviço do bem estar do povo!
Um mês atrás já havia a suspeita confirmada por este estudo. Melhor assim e evitar este medicamento.