Padre russo negacionista da covid-19 apropria-se de convento com a ajuda de milícias armadas

O padre Sergei Romanov, um ex-policial que passou 13 anos em uma presídio por assassinato, antes de se arrepender e dedicar sua vida à religião, tem sido muito crítico em relação as medidas de distanciamento social tomadas na Rússia devido a pandemia de covid-19, acusando líderes da igreja de praticar blasfêmia contra o Espírito Santo para fechar igrejas. Por causa de sua retórica controversa, a igreja ortodoxa russa suspendeu Romanov e o impediu de pregar.

Em maio, ele foi proibido de usar uma cruz peitoral, depois de continuar incentivando as pessoas a desobedecer às ordens de saúde pública. Na terça-feira passada, ele entrou no mosteiro de Sredneuralsk, que ajudou a fundar no início dos anos 2000, e tomou o controle do local, nos arredores da cidade de Ecaterimburgo, com a ajuda de vários milicianos armados.

- "Eu não vou a lugar nenhum, eles terão que me perseguir com a polícia e a Guarda Nacional", disse o padre depois de ser avisado para "dar um jeito na situação e se arrepender" até 26 de junho, pela diocese russa. O clérigo ultraconservador agora tem centenas de apoiadores, incluindo dezenas de cossacos armados que supostamente são veteranos do conflito russo-ucraniano.

O abadessa do convento partiu logo após a chegada do padre, a fim de evitar brigas desnecessárias, e Romanov disse às autoridades da igreja que terão que invadir o lugar se quiserem tirá-lo de lá.

O padre Sergei uma vez mudou seu nome secular para Nikolai Romanov, em homenagem ao último czar da Rússia, Nicolau II, e é considerado um dos líderes do sombrio movimento de "adoradores do czar" dentro da Igreja Ortodoxa Russa. Ele teria acusado o presidente Putin de conspirar para inserir chips de vigilância em pessoas sob o disfarce de uma vacina covid-19, e classificou a pandemia em andamento de ser um complô satânico e fascista.

Com mais de 500 apoiadores atrás dele, o padre Sergei Romanov está se preparando para um cerco prolongado, e há quem tema que a situação possa sair do controle. Uma coisa parece certa, apesar dos avisos da Igreja Russa, o padre Sergei não ficará calado.

- "A diocese me proíbe de servir, me proíbe de falar. Mas fui abençoado por falar", disse ele a um blogueiro local.