Ao verificar suas colmeias em junho, o mestre apicultor Joseph Zgurzynski descobriu algo muito incomum. Enquanto todas as outras abelhas da colmeia tinham olhos pretos normais, um inseto exibia um par de olhos amarelos bem estranhos. E isso não foi tudo. Quando Joseph olhou mais de perto, percebeu que não apenas os olhos da abelha estavam desbotados, mas eram anormalmente grandes. Na verdade, eles pareciam os olhos típicos de abelhas machos, ou zangões, apesar do fato de que o resto da abelha -abdômen, ferrão e asas- eram claramente fêmeas. |
Felizmente, Joseph estava acompanhado naquele dia por uma amiga fotógrafa, que passou quase uma hora documentando a estranha abelhinha. Posteriormente, ele decidiu obter uma segunda opinião e enviou algumas das fotos para David Tarpy, um especialista em abelhas da Universidade Estadual da Carolina do Norte.
David confirmou as suspeitas do apicultor. A abelha destacada não apenas tinha uma mutação genética que afeta a pigmentação dos olhos e provavelmente a deixava cega -uma condição bastante rara- mas a abelha também era conhecida como ginandromorfo, um organismo que possui características femininas e masculinas.
Mesmo em espécies amplamente estudadas, a ginandromorfia é extremamente rara, embora os últimos anos tenham revelado exemplos atraentes em borboletas, pássaros, caranguejos, entre outros.
Avôs, mas sem pais
Os humanos têm cromossomos emparelhados -um conjunto de cada pai- a combinação dos quais orienta quais características são transmitidas. É por isso que uma criança pode ter cabelos pretos e olhos castanhos, enquanto outro irmão com os mesmos pais pode ser loiro com olhos azuis.
Entretanto, a genética das abelhas é um pouco diferente. Quando uma rainha e um zangão acasalam, seus ovos fertilizados geram apenas abelhas fêmeas. Isso ocorre porque os machos são criados a partir de óvulos não fertilizados, o que significa que eles têm apenas um conjunto de cromossomos, os da rainha. Como resultado, as abelhas machos não têm pais ou filhos, mas têm avôs e netos.
Se a gente pensar nisso por muito tempo, acaba cozinhado o cérebro. Como os zangões têm apenas um conjunto de cromossomos, quando ocorre uma mutação genética rara, como a cor amarela dos olhos, ela é sempre expressa.
Embora incomuns, essas mutações oculares notáveis não são inéditas: os cientistas estudam mutantes da cor dos olhos em abelhas desde 1953, mas a ginandromorfia da abelha, porém, não é tão facilmente explicada.
Se a abelha fosse um ginandromorfo bilateral, ou seja, mais ou menos dividido ao meio, exibindo características masculinas de um lado do corpo e femininas do outro, como acontece com outros animais, seria provável que o ovo tenha se partido antes de ser fertilizado.
Mas como os traços estranhos da abelha são conhecidos como ginandromorfismo em mosaico, no qual traços de ambos os sexos estão presentes, é possível que uma aberração tenha ocorrido mais tarde no desenvolvimento da abelha. A biologia pode ser estranha... às vezes.
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