O fotógrafo Arseniy Kotov se dedica a documentar as mudanças na vida e na arquitetura russas desde a queda da URSS, um compromisso que o levou à cidade mais fria da Europa em fevereiro passado. Localizada a cerca de 110 milhas do Oceano Ártico, Vorkuta é uma pequena cidade de mineração que já teve um dos maiores e mais extenuantes campos de trabalhos forçados durante o reinado de Stalin. Frequentemente atormentada por temperaturas tão baixas quanto -50 graus Celsius, a cidade agora tem uma das populações que decresceram de forma mais rápida em toda a Rússia. |
Conforme reportamos recentemente, o censo de 2002 indicava que a cidade tinha mais de 84 mil habitantes, mas em tempos como esse permanecem no local pouco mais de duas dezenas de pessoas que prestam sistema de vigilância e manutenção das mineradoras, para quando os mineradores migrantes voltem no verão.
Durante a visita de Arseniy, ele visitou vários conjuntos habitacionais construídos para os trabalhadores, muitos dos quais foram abandonados quando as minas fecharam. Um prédio em particular, porém, é a evidência de como a deserção continua a perturbar a cidade que já foi próspera, um problema contínuo que Arseniy registrou em uma série impressionante.
Suas fotos emolduram a estrutura dilapidada de cinco andares que é inteiramente composta por pingentes de gelo e neve amontoada. Relíquias de antigos residentes e da pintura azul lascada espiam através da geada, grande parte da qual se agarra às escadas e corrimões e sobe pelas paredes.
Arseniy disse que muitas vezes os prédios são transformados em cavernas geladas quando os canos estouram devido à falta de manutenção, causando respingos de água quente, alta umidade subsequente e, em seguida, crescimento de gelo em todas as superfícies. No momento da visita, uma família permanecia no prédio do distrito de Severniy, que ainda estava conectado ao sistema de aquecimento central que percorre as cidades russas, facilitando a passagem por algumas passarelas graças ao aquecimento dos radiadores. Embora Arseniy não tenha conseguido encontrar os únicos ocupantes, ele ouviu dizer que eles também deixaram o local dias depois:
- "Como eu sei? Os moradores locais disseram que depois de uma semana quando visitei este prédio, ele e sua esposa foram reassentados em outro apartamento, e todo o prédio foi desabastecido de água, aquecimento e eletricidade", contou o fotógrafo russo - "Esta é uma história comum em Vorkuta: à medida que moram cada vez menos pessoas, torna-se inútil aquecer um edifício inteiro e as pessoas são gradualmente transferidas para outros onde há mais apartamentos habitáveis. As autoridades locais chamam isso de "estratégia de compressão gerenciada."
Muitas das fotos de Arseniy são compiladas em "Cidades Soviéticas: Trabalho, Vida e Lazer", e seu segundo livro, que está cheio de imagens que ele capturou enquanto andava de carona pelo país, está programado para lançamento em novembro. Impressões estão disponíveis na Galleri Artsight, e você pode acompanhar as viagens de Arseniy no seu Instagram.
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