Agora soa estranho, mas a Noruega era faz menos de meio século um dos países mais pobres e inóspitos da Europa. De fato, o país sempre era considerado o primo pobre e vulgar dos países escandinavos. Até que chegou a descoberta do petróleo no Mar do Norte, fazendo com sua prosperidade meteórica, encontra um antes e um depois da chegada do mesmo. De qualquer forma foi assim que a Noruega deixou de ser um monte de pastores e pescadores espalhados pela escura imensidão da geografia acidentada dos montes escandinavos para ser o exemplo a seguir no continente europeu. |
A igreja de madeira de Borgund, município de Lærdal, construída em 1902.
Essa evolução também teve reflexo ao longo das imagens tomadas no país. O escuro passado de Noruega como país à fila do continente e desprezado pelas mais cosmopolitas Dinamarca e Suécia, foi imortalizado através da fotografia. E resulta em certo modo curioso observar como a Noruega, desde seus povoados diminutos feitos de madeira, se transformou sem deixar de ser a Noruega em toda sua expressão.
Isto pode ser inferido ao ver o arquivo fotográfico do projeto Tilbakeblikk, realizado pelo Instituto de Bosques e Paisagens da Noruega e o Museu Popular Norsk. Ambas instituições compilaram diversas imagens da Noruega tanto a princípios do século XX como em nossos dias. Elas foram feitas nas mesmas localizações, de maneira que nos permite observar como mudou o país ao longo do tempo, e como a influência do petróleo foi decisiva para a modernização e o progresso do estado.
Assentamento camponês em Herdalssetra (1905 - 2014), comarca rural norueguesa em Møre og Romsdal, província costeira da Noruega.
Rysstad e Setesdal (1888-2013), outra comuna camponesa, situada em Aust-Agder, província ao sul do país.
Noruega não se livrou de fenômenos tão universais como o urbanismo desaforado. Flekkerøy, bairro nos arredores de Kristiansand, em Vest-Adger, era antigamente o lar de pescadores e marinheiros locais, hoje é o lar de abastados
Em muitos sentidos, Noruega segue parecido ao que era faz décadas. Este embarcadouro perto de Hellesund, em Vest-Adger, também ao sul do país, prova isso: pouco mudou entre 1923 e 2005.
Lærdalsøyri, de novo na província de Sogn og Fjordane. Na imagem de cima, vemos como era a população em 1884. Na de abaixo, como é hoje.
Hoje, a superfície dedicada à agricultura da Noruega, não supera os 3%. Na imagem, vemos uma exploração inalterada (1920-2004) em Huskeliseter, na província de Oppland.
Hammerfest, na província de Finnmark, no extremo norte do país. A cidade, tradicionalmente pesqueira, foi arrasada em sua totalidade pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Ela foi reconstruída seguindo as linhas da arquitetura tradicional local.
Casas de madeira no interior da província de Sogn on Fjordane (1905-2007), na costa atlântica de Noruega.
No final do século XIX, milhares de noruegueses emigraram para América em procura de novas oportunidades. Na imagem, vemos o povoado de Turistsenter i Faleide, em Stryn, em 1885 e 2013.
Nyhusom, perto do município de Sel, em Oppland, província do interior dedicada historicamente à agricultura. Na imagem de cima, tomada em 1926, observamos um homem com seu cavalo arando as pouco produtivas terras da Noruega.A foto debaixo foi tirada em 2014.
O urbanismo norueguês nos povoado do interior e costeiros, permanecido mais ou menos imutável nos últimos cem anos. As fotos mostram Kabelvåg, em Nordland. (1926 - 2015)
Seljestadjuvet, no município de Odda, na província de Hordaland, no sudoeste do país. (1885 - 2012)
Dinamarqueses e suecos ainda observam com altivez os noruegueses, primos (novos) ricos cujas raízes tradicionais seguem muito presentes na vida diária do país, como bem reflete Dan Elloway em "The Xenophobe's Guide to the Norwegians".
Pese a tudo, as imagens do presente definem a Noruega como um estado moderno e saudável, bonito e acomodado. Uma sorte de Arcádia idílica onde andam de mãos dadas o melhor do passado -a paisagem rural, o folclore- e o presente -a prosperidade-.
De qualquer forma também é preciso lembrar que hoje o país se porta de maneira meio presumida e pernóstica, se portando como o paladino do meio ambiente, quando deve toda a sua riqueza ao combustível fóssil.
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