No passado 30 de abril, a Disneylândia reabriu suas portas na Califórnia depois de mais de 400 dias de fechamento, e as filas mais longas formaram-se em frente à renovada instalação que oferece uma viagem temática ao mundo da Branca de Neve e os sete anões. "O desejo encantado da Branca de Neve", como foi batizada essa atração, recria as cenas principais do popular conto da Disney, uma das quais foi objeto de critica por aqueles que acham que não se ajustam a certas normas éticas do mundo atual. |
Trata-se de uma das cenas mais importantes do clássico dos desenhos animados, na qual o príncipe dá o beijo do amor verdadeiro a Branca de Neve para acordá-la do sonho eterno e assim reverter os efeitos da maçã envenenada da Rainha Malvada. Alguns críticos consideram agora que o beijo não é consentido e que, portanto, não pode ser considerado uma manifestação de "amor verdadeiro".
Segundo explicam as autoras de um artigo publicado no San Francisco Chronicle, o beijo do amor verdadeiro que rompe o feitiço - "... é um beijo que o príncipe dá sem o consentimento da Branca de Neve, que está dormindo, o que de jeito nenhum pode ser amor verdadeiro se só uma pessoa sabe o que está acontecendo."
Fazendo finca-pé, o artigo considera difícil entender por que a Disneylândia de 2021 escolheria adicionar uma cena com "ideias tão antiquadas" do que um homem pode fazer com uma mulher, especialmente dada a ênfase atual de remover cenas problemáticas.
- "Já não concordamos que o consentimento nos primeiros filmes da Disney é um grande problema? Que ensinar às crianças que beijar, quando não foi estabelecido se ambas as partes estão dispostas a se envolver, não está certo?", perguntam-se as jornalistas.
Jim Shull, ex-diretor criativo executivo da Disney que trabalhou no desenho do parque de atrações por mais de três décadas, decidiu contestar estas críticas.
- "Tendo em conta o fato de que as mudanças culturais se produzem ao longo de décadas, deve ser reconhecido que no contexto do conto no qual se baseia o filme a atração é correta. Por suposto, ninguém é obrigado a gostar da história, mas a equipe fez um trabalho espetacular", afirmou.
Jim também recordou que muitos contos de fadas europeus foram escritos faz 200 anos e tinham como objetivo entreter e educar o leitor. Ler livros era uma ocupação pública valorizada.
- "Em uma das versões do conto de fadas alemão "Schneeweisschen" ("Branca de Neve"), a jovem em coma ressuscita quando um dos criados do príncipe cai sobre o corpo dela, que expulsa a maçã envenenada de sua garganta, e o príncipe não a beijou", indicou Jim.
Ainda que o artigo no San Francisco Chronicle tenha recebido comentários positivos, foram tantos negativos que o jornal decidiu por bem fechar a sessão. Muitas dessas críticas iam ao encontro de que os contos de fada tiveram (e tem) um papel vital de nutrir a criatividade e estimular a imaginação, além de fomentar a leitura nas crianças.
A este passo vamos ter que reescrever toda a literatura e jogar no lixo a cultura universal. De fato, mais que "cancelar" as princesas, já está mais do que na hora de "cancelar" a cultura do cancelamento.
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Comentários
Simples. Pessoas que falharam em tudo o que tentaram mas mesmo assim querem ter significância ou algum tipo de objetivo na vida, querem ser especiais e deixar alguma marca no mundo. Aí recorre a essas babaquices.
Só pode ser uma pessoa com muito ressentimento, como diz o filosofo Luiz Felipe Pondé vivemos na era do ressentimento.