Enquanto uma nação faminta por tecnologia e cheia de dinheiro se prepara para atualizar para a próxima geração de dispositivos 5G ultrarrápidos, há um custo ambiental surpreendente a ser contabilizado: uma nova montanha de aparelhos obsoletos. Cerca de 3 milhões de quilos de eletrônicos descartados já são processados mensalmente na planta da gigante de reciclagem Sims Lifecycle Services. O problema todo é que os eletrônicos não são projetados para serem reciclados e isto é apenas a ponta do iceberg. |
Paletes cheios de dispositivos antes amados, mas agora desatualizados, como smartphones com apenas uma câmera de 8 megapixels ou tablets com apenas 12 GB de armazenamento, chegam ali diariamente. Trabalhadores com martelos invadem os dispositivos mais volumosos, enquanto outros removem componentes perigosos, como baterias de íon de lítio. A cena é como um filme distorcido da Pixar, com dispositivos condenados em uma correia transportadora implacável em uma máquina que os fragmenta em pilhas de cobre, alumínio e aço.
Quando compramos algo novo, nos livramos do que é antigo, lógico. Mas esse ciclo de consumo fez dos resíduos eletrônicos o fluxo de resíduos sólidos de crescimento mais rápido do mundo. E quando TVs e computadores velhos acabam em aterros sanitários, os metais tóxicos e retardadores de chama que eles contêm podem causar problemas ambientais sérios.
Espera-se que esse fluxo diminua à medida, a longo prazo, que o mundo for atualizado para 5G, o próximo grande passo na tecnologia sem fio. 5G promete velocidades mais rápidas e outros benefícios. Mas os especialistas dizem que isso também resultará em um aumento dramático no lixo eletrônico, à medida que milhões de smartphones, modems e outros dispositivos incompatíveis com redes 5G se tornem obsoletos. As pessoas ainda não entenderam a magnitude dessa transição. Isso é maior do que a mudança de preto e branco para colorido, maior do que analógico para digital.
Ingrid Sinclair, a CEO da Sims Lifecycle Services, cujas instalações são mostradas neste vídeo do Insider abaixo, não diz, mas isso é uma grande negócio para a Sims, que cobra dos clientes para coletar seus eletrônicos e limpar seus dados com segurança. A empresa também ganha dinheiro com a reforma e revenda de dispositivos. Mas menos de um quarto de todo o e-lixo dos EUA é reciclado, segundo estimativa das Nações Unidas. Diz-se que o restante é incinerado ou vai parar em aterros sanitários.
Você pode notar que a Sims está apenas lidando com crème de la crème do e-lixo, onde separam o plástico e o aço para vender, aproveitam peças como memórias, HDs e teclados que podem ser reutilizados, mas não se preocupam em cobrir o processo de separação do resto: antimônio, arsênio, bário, berílio, cádmio, cromo, cobalto, gálio, ouro, paládio, platina, selênio, prata, entre outros.
No entanto há um segredinho sujo que mesmo os grandes recicladores não falam: cerca de 80% desse material, muito rapidamente, vai parar em um navio de contêineres que vai para países como a China, Nigéria, Gana, Índia, Bangladesh, Vietnã e sobretudo o Paquistão, onde outras coisas muito sujas acontecem.
Os recicladores nesses países de destino realmente podem ganhar dinheiro com a venda dos metais recuperados de equipamentos eletrônicos, mas o processo para recuperar metais utilizáveis é normal e extremamente tóxico. Os funcionários que removem esses metais muitas vezes não têm equipamento de proteção e respiram altos níveis de produtos químicos tóxicos, que são então liberados na atmosfera. E a maioria dos países onde o processamento ocorre -como os citados acima- não tem regulamentos em vigor para proteger os trabalhadores ou prevenir as operações primitivas de reciclagem.
Como podemos inferir o e-lixo se tornou um grande problema para a humanidade, mesmo quando existem regras estipuladas para o seu descarte. Cabe aos consumidores lidarem com seus dispositivos antigos de forma adequada, mas isso também pode ser uma grande dor de cabeça. O consumidor que leva seu celular velho a um ponto de coleta pode ser cobrado para se livrar dele. Muitos consumidores, paralisados pelo aborrecimento ou desanimados com os gastos, simplesmente jogam seus dispositivos no lixo ou os colocam em uma gaveta, esperando que simplesmente desapareçam.
Uma solução seria projetar aparelhos que permitam uma melhor forma de reciclagem ou fazer com que os eletrônicos durem tanto quanto duravam antes. No entanto, em vez disso, empresas de tecnologia estão acelerando o ritmo da obsolescência, com destaque para a Apple que é processada no mundo inteiro por obsolescência programada.
A maioria das baterias dos smartphones não pode ser facilmente substituída quando deixa de manter a carga, quando faz pouco trocar a bateria era como trocar a pilha de qualquer dispositivo. As empresas de software promovem atualizações que não funcionam em dispositivos antigos. Novos Sistemas Operacionais condenam a morte placas e processadores e cada vez são mais glutões de memória. Infelizmente é uma estratégia dos fabricantes nos forçarem a um ciclo de atualização cada vez mais curto.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Aquele menino de 11 anos, do outro artigo, que quer viver pra sempre, poderia resolver este problema aqui primeiro...