Muitos pássaros voam distâncias extraordinariamente longas em busca de clima mais quente, comida e criadouros favoráveis, um fenômeno sazonal que agora conhecemos como migração. Mas para os primeiros estudiosos, tal noção era inconcebível: como pode um pássaro pesando apenas algumas centenas de gramas sobreviver às dificuldades da viagem intercontinental por montanhas elevadas e vastos oceanos para terras distantes sem meios aparentes de navegação e, em seguida, voar todo o caminho de volta? |
No entanto, os estudiosos se esforçaram para explicar por que algumas espécies de pássaros apareciam e desapareciam ao sabor da mudança das estações.
O escritor grego Homer acreditava que os Grous voavam para o sul no inverno para lutar contra os pigmeus da África, uma fábula que foi repetida pelo naturalista romano Plínio, o Velho. De acordo com Plínio, esses pigmeus, montados em cabras e carneiros, perseguiam os grous com flechas. Não faz nenhum sentido, certo? Continue lendo.
Aristóteles sugeriu que a andorinha evitava a tensão da migração ao hibernar no solo. Esses mitos foram mantidos vivos por séculos. Na História e Natureza dos Povos do Norte, do século 16, do Arcebispo sueco Olaus Magnus, há uma passagem sobre as andorinhas que diz que as aves se reúnem em grande número no outono e afundam na lama e na água, embaladas como sardinhas. Uma impressão em xilogravura que acompanha a passagem mostra pescadores puxando uma rede carregada de andorinhas hibernando de um lago.
Aristóteles chegou ao ponto de sugerir que alguns pássaros sofriam uma transmutação milagrosa à medida que as estações mudavam. Ele declarou que o rabirruivo-de-testa-branca, que é comumente visto durante o verão, se transforma no pisco-de-peito-ruivo quando o tempo esfria.
Na realidade, toda esta confusão se deve ao fato de que o rabirruivo voa para o sul da África no inverno, enquanto o pisco, que procria mais ao norte, vai para a Grécia no inverno.
Uma das primeiras evidências conclusivas de migração veio da Alemanha. Em 1822, uma cegonha-branca gravemente ferida foi encontrada perto da aldeia alemã de Klütz, no estado de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental.
O pescoço da cegonha fora perfurado por uma lança de 75 centímetros de comprimento. O exame da arma revelou que a lança era semelhante às usadas pelos caçadores na África Central, evidenciando que a cegonha havia chegado da África. A ocorrência foi fundamental na época para o entendimento da migração das aves.
O pássaro foi taxidermizado com a lança intacta e hoje está em exibição na Coleção Zoológica da Universidade de Rostock, na Alemanha. A criatura também deu origem a um novo termo, "pfeilstorch, que significa "cegonha-flecha". Surpreendentemente, mais de 25 pfeilstorches, com lanças africanas embutidas em seu corpo foram encontradas até agora.
Hoje, com a ajuda de etiquetas presas às pernas e rastreamento por satélite, sabemos que as cegonhas migram para a África Subsaariana a até 4.000 km de distância de casa quando chega o inverno. Mas como é que Plínio, o Velho, sabia disso em 79 d.C.?
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários