- "Oito pessoas foram detidas por espalhar rumores sobre uma pneumonia desconhecida. Um lembrete da Polícia: obedeçam as leis e normas para as atividades on-line. Ninguém pode publicar rumores na Internet." O anúncio foi unificado, um discurso repetido na mídia chinesa à exaustão que apontava a construir desde o primeiro dia de 2020 um relato monolítico. Ainda que passou quase despercebido naquela passagem de ano, o que se escondia por trás dessa advertência governamental era de impacto mundial: havia uma potencial pandemia, mas escolheram ocultá-la. |
A contundente edição que realizou a diretora Chinesa Nanfu Wang em seu documentário "In the same breath" deixa em evidência o manejo da informação com respeito à origem e início da pandemia na cidade de Wuhan. Quase 45 dias após a detecção do primeiro infectado por uma doença, que nesse momento era considerada uma "pneumonia", a imprensa controlada pelo governo tentava conter as notícias sobre o que ocorria.
A reportagem da televisão do primeiro de janeiro de 2020 dá conta de como, pese ao registro de mais de 380 casos da doença nessa data, ameaçavam quem tentasse publicar dados sobre o que estava ocorrendo. Pior? O regime chinês ainda não tinha implementado nenhum tipo de medidas de contenção do vírus na cidade de origem que começaram só em meados de janeiro.
O que sim tentava conter o regime de Xi Jinping eram os dados sobre a origem da doença e a difusão de notícias por parte da cidadania que era detida e castigada por informar a respeito. Ainda hoje o governo se nega a participar em novas investigações que permitam confirmar ou descartar se o vírus fugiu ou não de um laboratório.
Com a ajuda de cineastas locais nas China, Nanfu contrasta o trato do regime à origem do vírus com a resposta inicial nos Estados Unidos e do ex-presidente Donald Trump. Também deixa claro em seu relato as tragédias pessoais da pandemia e as falhas dos Governos em ambos os continentes.
Peter Embarek (foto abaixo), o chefe da equipe da OMS, disse em uma conferência de imprensa em 9 de fevereiro que era "muito improvável que algo pudesse ter escapado de um lugar assim, se referindo ao Laboratório de Virologia de Wuhan. Mas agora ele revelou como a China pressionou os pesquisadores. Em uma entrevista com a rede dinamarquesa TV2, disse que os representantes chineses se opuseram, até os últimos dias da missão, a qualquer menção de uma possível fuga de laboratório, alegando que era impossível, e por tanto não tinham que perder o tempo com isso.
Por que a China resistiu tanto à hipótese da fuga do laboratório?
- "Provavelmente porque significa que há um erro humano por trás de tal incidente, e não estão muito contentes em admitir", disse Embarek. - "Em parte está o sentimento tradicional asiático de que não há de fazer coisas erradas, e ademais todo o sistema se centra muito em que tudo é infalível e que tudo deve ser perfeito. Também pode ser que alguém queira 'ocultar algo'. Quem sabe?."
Com "ocultar algo", Embarek sugere de forma sub-reptícia que o coronavírus foi criado propositalmente pelo regime de Pequim?
Esta é exatamente a questão. Há que encontrar as origens do pior desastre de saúde pública em um século. Uma investigação exaustiva, crível e baseada na ciência deve examinar tanto a propagação zoonótica como a possibilidade de um incidente nos laboratórios que a China insiste em esconder.
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