Curta de animação 'Happiness' é uma metáfora da nossa obsessão com a felicidade

O conhecido ilustrador britânico Steve Cutts ambienta sua animação "Happiness", em um ambiente urbano fervilhante, com centenas de ratos de desenho animado quase idênticos que se ocupam de esforços humanos em uma raça insatisfatória e não desconhecida. Vagões de metrô lotados, um bombardeio de publicidade, empregos de matar a alma e as vendas da black friday são apenas algumas das indignidades que os roedores de Steve são submetidos, ao som de "L'amour est un oiseau rebelle", mais conhecida como "Habanera", de Bizet.

O consumo excessivo desenfreado -uma grande preocupação para este genial artista- oferece um alívio ilusório e muita diversão para os espectadores com o tempo de pausa, para melhor saborear os detalhes sombrios do curta.

A ideia de que a "felicidade" decorre, em última análise, da posse e acúmulo de bens materiais ou da perene busca de sucesso –princípios promovidos ad infinutum pela manipulação das emoções através da publicidade– se converteu em uma doutrina totalitária que transformou a própria "felicidade" em uma mercadoria ou bem de consumo. "Happiness",de fato, é uma critica pungente e inteligente a nossa obsessão com a felicidade.