Devido ao seu comportamento esquivo e solitário, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um animal desconhecido e a incompreendido até mesmo no Brasil. Um estudo de 2004, apontava que 30% dos brasileiros desconheciam ou não sabiam reconhecer um guará. A espécie é endêmica do Cerrado brasileiro, mas pode também ser encontrada nas savanas e áreas abertas no Paraguai, Argentina e Bolívia. Imaginem então qual não foi a novidade de encontrarem um aguaraçu perambulando em Salto, no Uruguai. |
O vigilante de uma empresa agroindustrial da referida cidade conseguiu grava o momento em que o animal caminhava com cuidado em uma rua de terra dentro do estabelecimento até chegar ao portão. Quando este o abriu, para deixá-lo sair, o guará fugiu assustado. O animal perdeu-se entre os campos da empresa destinados a plantações de oxicoco.
- "Não é uma raposa, não é um lobo, não é um cão, nem é uma hiena, nunca tinha visto tal criatura antes e nem tinha ideia do que estava vendo", confessou o homem. De fato, sua presença no Uruguai é quase uma lenda, onde o animal é chamado popularmente de "raposa-de-palafita" ou raposa-de-tamanco. Na madrugada de 30 de agosto ele foi filmado pela primeira vez no Uruguai.
Outro trabalhador da empresa disse que apesar da companhia fazer um monitoramento da fauna nativa das áreas que ocupam, nunca tinham reportado um lobo-guará. Ainda que se trate do primeiro registro em vídeo desta espécie, não é a primeira vez que alguém avista um animal tão longe de casa. O vídeo acima pode ser na verdade a segunda vez que uma raposa-de-tamanco foi gravada em vídeo no Uruguai. Na semana passada, um youtuber da mesma região de Salto postou um clipe curtinho que provavelmente mostra o mesmo animal.
Segundo a tradição, é o uivo noturno do lobo o que alimentou a lenda do lobisomem no país. Esta narra que o sétimo filho de sete homens seguidos se converterá na mítica criatura durante as noites de lua cheia. Também dizem que a única forma de evitar esta maldição é que o filho mais velho se torne padrinho do mais novo.
O guará é um animal solitário que se move em áreas extensas. Os machos, sobretudo, são os que percorrem distâncias mais longas, sempre correndo. Quando os machos e as fêmeas se cruzam geralmente se mantêm juntos apenas para procriar e, depois, seguem seus caminhos.
É um animal tímido e difícil de avistar na natureza, por ter um ouvido muito desenvolvido e escutar de antemão que algo se aproxima. O guará não representa uma ameaça para o ser humano, prefere fugir do que atacar. Caça presas pequenas como roedores e pássaros (e seus ovos), mas também come frutas e plantas.
Pese que não seja considerado em perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza, todos os países em que ele ocorre o classificam em algum grau de ameaça, apesar de não se saber a real situação das populações.
Alguns conservacionistas acreditam que ele está ameaçado devido aos atropelamentos, caça, doenças advindas dos cães domésticos, e principalmente, por causa da destruição do cerrado para ampliar os campos de cultivo. No entanto, este último não encontra correspondência na realidade, pois o lobo-guará é adaptável e tolerante às alterações provocadas pelo homem. Hoje, por exemplo, ele já é encontrado em áreas de Mata Atlântica já desmatadas, onde não ocorria originalmente.
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