Arthur C. Clarke não só foi um extraordinário escritor de ficção científica, também, e seguramente por isso foram tão reconhecidas suas obras do gênero, foi um grande visionário descrevendo com enorme exatidão o futuro que tínhamos à espera. De fato, faz um tempo tornou-se viral um vídeo de 1974 onde um repórter que acompanha seu filho fazia a seguinte pergunta a Clarke: - "Como será a vida de meu filho em 2001?". |
Como podemos apreciar, o escritor não diz em nenhum momento a palavra "internet" -porque evidentemente ela ainda não existia-, mas sua precisa descrição é claramente o nascimento da rede:
- "O equipamento que terá em sua casa proporcionará toda a informação que precisa para sua vida cotidiana: seus extratos bancários, suas reservas para o teatro, toda a informação que precisa em decorrência de viver em uma sociedade moderna complexa", comenta clarke e agrega: - "O garoto dará como estabelecido tanto o equipamento informático como o telefone."
Não só isso. Posteriormente, o jornalista pergunta sobre os perigos da dependência dos computadores. Segundo o escritor:
- "Permitirão viver realmente em qualquer lugar que gostemos. Qualquer homem de negócios, qualquer executivo, poderia viver em quase qualquer lugar da Terra e seguir fazendo seus negócios através de um dispositivo como este", diz o escritor. - "Significa que não estaremos preso às cidades. Viveremos no país ou onde queiramos e ainda continuaremos com interações completas com outros seres humanos, bem como com os computadores."
Dois anos após aquela gravação, o escritor de "2001: Uma Odisseia no Espaço" voltou a ser alucinantemente preciso sobre o futuro da tecnologia, e recordamos, fazia em um momento da história onde os computadores eram uma tecnologia estranha da era espacial e o disquete acabava de ser inventado.
O momento ocorreu durante uma entrevista em 1976 sobre o futuro. Clarke fala entre outras coisas das redes sociais, as mensagens instantâneas ou compras on-line:
As imagens que vemos são da conferência de AT&T e MIT sobre tecnologia e futurismo. Com a assistência de destacados cientistas e teóricos, a entrevista foi gravada para um episódio da revista Bell System na qual Clarke teve uma conversa aberta sobre o futuro das comunicações.
O homem descreve muitas coisas que agora vemos como normais: trocas de mensagens, livros digitais e compra de comida na rede, viajar por prazer, satélites de comunicação, e inclusive o declive das notícias em papel à medida que dão passagem à tecnologia.
Por suposto, não acerta em tudo, ainda que alguma ideia, como aquela na qual prediz que os deslocamentos ao trabalho seriam coisa do passado. No entanto, devido a pandemia de coronavírus acabou sendo mais um dos acertos do genial escritor, com o teletrabalho.
Alguém poderia com razão argumentar que em 1974 ele não precisava ser adivinho porque os sistemas de reserva de passagens de avião já eram feitos por computador, usando enormes mainframes e já estavam a caminho de criar o computador pessoal -nesse ano lançaram o Altair 8800 -o pai do Z80-, que inspirou um tal Bill Gates a criar a Microsoft-.
Mas há que levar em conta que muitas das coisas que menciona na entrevista também foram propostas em seu livro "2001: uma Odisseia no Espaço", que foi publicado em 1968. Conquanto não era Nostradamus, tinha uma visão muito acertada do mundo que se aproximava.
Arthur C. Clarke não era só um escritor, era um engenheiro experiente que desenhou todo o marco teórico a respeito do uso de satélites de comunicações quando trabalhava como engenheiro de radares para a RAF na Segunda Guerra Mundial. Conhecia a capacidade da tecnologia de sua época e a forma na que evoluiria de forma natural.
Os escritores famosos e bem sucedidos da "boa ficção", eram pessoas preparadas e bem informadas. Lembro que li sobre um personagem de Isaac Asimov que obtinha informação de um computador em um dispositivo que descrito exatamente como o que hoje conhecemos como pendrive "uessebê".
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