Mais dois filhotes de leão-das-cavernas congelados foram encontrados na Sibéria

O número de filhotes de leão-das-cavernas preservados no permafrost de Iacútia, no leste da Sibéria, dobrou com a descoberta de mais dois. Uma delas, uma pequena fêmea chamada Esparta, foi mumificada com tanta eficácia que seus bigodes, dentes, pele, pelos e órgãos internos ainda estão intactos. Ela é o animal da Idade do Gelo mais bem preservado já descoberto. O leão-das-cavernas (Panthera spelaea) espalhou-se amplamente por todo o leste da Sibéria no final do período do Pleistoceno.

Parece improvável que seja uma coincidência que todas as quatro múmias dos filhotes de leão-das-cavernas encontradas até hoje sejam do interstadial Karginiano e foram encontradas em uma área bastante confinada na bacia do rio Indigirka.

O grande número de filhotes encontrados sugere que esta área durante o interstadial Karginiano -quando o clima estava se tornando relativamente quente e a vegetação arbórea estava se espalhando- era um local de reprodução favorável para os leões-das-cavernas.

Também parece provável que este local, durante esse período de tempo, tivesse algumas características que o tornavam mais propenso a congelar e preservar animais rapidamente. O local era atraente para os leões por possuírem tocas, mas provavelmente também era suscetível ao colapso delas.

Os dois filhotes de Panthera spelaea foram encontrados pelo caçador de presas de mamute Boris Berezhnev. Ele encontrou pela primeira vez um filhote de leão das cavernas no rio Semyuelyakh em 2017. Ele o chamou de Boris, supostamente, em sua própria homenagem. No ano seguinte, ele voltou ao local e encontrou Esparta a 20 metros de onde ele havia encontrado Boris.

Esparta tinha entre um e dois meses quando morreu, 28.000 anos atrás. Boris, que está menos bem preservado, tinha mais ou menos a mesma idade de Esparta quando morreu, mas não eram irmãos. A datação por radiocarbono descobriu que ele viveu muito antes dela, há cerca de 43.500 anos.

Boris e Sparta foram transportados para Yakutsk para exame. Depois que os testes microbiológicos descobriram que os filhotes congelados não carregavam doenças infecciosas, foram submetidos a tomografia computadorizada, datados por radiocarbono e o DNA foi extraído.

Segundo um estudo publicado na revista Quaternary, os corpos dos filhotes estavam retorcidos e deformados devido a milhares de anos de pressão do permafrost, mas os pesquisadores foram capazes de documentar a estrutura esquelética e os órgãos a partir das imagens tomográficas.

Eles descobriram que Esparta tinha um órgão semelhante ao útero e órgãos semelhantes aos testículos de Boris. Os pesquisadores estavam confiantes o suficiente com o que viram nas imagens para concluir que Sparta era fêmea e Boris, macho. A análise de DNA então confirmou a sexagem.

O exame preliminar das múmias dos filhotes mostra que a cor da pelagem estava mudando de uma tonalidade marrom-amarelada juvenil para uma mais adulta, cinza claro a marrom, em algum ponto entre 1–2 semanas e 1–2 meses. Leões adultos provavelmente tinham pelos grisalhos, bem adaptados ao Ártico da Sibéria, que fica coberto de neve durante dois terços do ano.

É sabido que os leões-das-cavernas tinham subpelos grossos e longos, consistindo de pêlos estrombuliformes aeríferos. Ele cobre os corpos dos filhotes de leão mumificados por igual e provavelmente os ajudou a se adaptar ao clima frio.