Confirmado: o gigante de Cerne Abbas é medieval

A evidência das conchas microscópicas de caramujos foi confirmada: o gigante Cerne Abbas, localizado próximo a aldeia homônima, em Dorset, na Inglaterra, data da Idade Média. Os pesquisadores do National Trust usaram a luminescência opticamente estimulada (OSL) para analisar amostras de solo retiradas da camada mais profunda de sedimentos do giz. OSL pode determinar quando os minerais foram expostos à luz solar pela última vez, e o solo na camada arqueológica mais antiga do gigante de Cerne Abbas viu o sol pela última vez entre 700 e 1100 d.C.

O arqueólogo sênior do National Trust Martin Papworth disse que a arqueologia na encosta foi surpreendentemente profunda:

- "As pessoas redesenharam o gigante de 66 metros por um longo período de tempo. A amostra mais profunda de seus cotovelos e pés nos diz que ele não poderia ter sido feito antes de 700 d.C., descartando teorias de que ele é de origem pré-histórica ou romana."

Esta provável data saxônica o coloca em uma parte dramática da história de Cerne. A Abadia de Cerne nas proximidades foi fundada em 987 a.C. e algumas fontes acreditam que a abadia foi criada para converter os habitantes locais para adorar um deus anglo-saxão conhecido como "Heil" ou "Helith". Os pesquisadores não tem certeza, mas acham que o gigante era originalmente uma representação desse deus.

Ainda existem problemas complicados que precisam ser resolvidos. Algumas das amostras de solo retornadas datam de 1560, mas o relato escrito mais antigo que documenta sua existência é de 1694, e isso desafia a compreensão de que a escultura de um homem nu de quase 70 metros de altura com uma ereção de 10 metros na encosta de uma colina passaria despercebido.

A teoria de trabalho de Martin é que o gigante pode ter sido uma criação medieval, mas então, por razões que talvez nunca saibamos, foi negligenciado por várias centenas de anos, antes de ser redescoberto.

- "Eu me pergunto se ele foi criado muito cedo, talvez no final do período saxão, mas depois tornou-se relvado e foi esquecido. Mas em algum momento, com pouca luz do sol, as pessoas viram aquela figura na colina e decidiram recortá-la novamente. Isso explicaria por que ele não aparece nos registros da abadia ou nas pesquisas Tudor."

Isso é consistente com a pesquisa de Mike Allen, que descobriu que os caracóis microscópicos nas amostras de sedimentos incluíam espécies que foram introduzidas na Grã-Bretanha no período medieval. O trabalho de campo arqueológico e o estudo científico, no entanto, não encontraram nenhuma evidência arqueológica de que o gigante foi deliberadamente encoberto.