O barco de dois andares -grande o suficiente para acomodar 160 passageiros- diminui a velocidade enquanto navega em direção ao píer, mas nunca para. Os carteiros, geralmente adolescentes atléticos, se levantam e pulam no cais, correm como loucos até caixa de correio, deixam e/ou pegam a correspondência e voltam correndo para pular para o barco em movimento. Os passageiros quase sempre aplaudem e os carteiros adolescentes sorriem e se preparam para o próximo salto enquanto o Walworth II entrega a correspondência para os residentes da orla do Lago de Genebra, em Wisconsin. |
A cidade é a primeira e única nos Estados Unidos onde os carteiros entregam correspondência de um barco postal de transporte de passageiros, uma tradição que começou em 1916, quando as estradas primitivas eram muito difíceis de atravessar. Ele continuou ininterrupto, de maio a setembro, nos últimos 105 anos.
Para ser um carteiro ali, fosse em 1921 seja em 2021, é necessário atletismo, agilidade, personalidade e habilidades de comunicação. Os seis carteiros selecionados a cada ano estão preservando a história da cidade, mas a maioria são adolescentes que procuram, como eles chamam, "um trabalho de verão muito legal".
Sid Pearl (foto abaixo), um jovem de 17 anos de Park Ridge, Illinois, nunca se preocupou muito em perder o barco em seus saltos; ele é um membro da equipe de natação do colégio. Dar o salto na frente de 160 pessoas, no entanto, é um pouco mais intimidante. Sid relembrou seu primeiro dia de trabalho.
- "Vamos apenas dizer que na primeira vez que pulei, fiquei muito mais preocupado com o salto do que com a entrega do correio. Mesmo que eu tenha conseguido, o primeiro salto do dia ainda é um pouco enervante."
Cada carteiro dá de 45 a 60 saltos por dia, e qualquer número de obstáculos pode tornar o pouso e a corrida para a caixa de correio um desafio. Sid caiu oito vezes, às vezes de maneiras que nunca esperava.
- "Era um píer mais simples, pequeno, mas as crianças estavam nadando, então a superfície estava molhada", disse ele sobre uma queda. - "Assim que pisei no cais e escorreguei, torci meu joelho, o que me atrasou. Quando tentei pular de volta para a cauda da popa, errei. Tchibum!", ri o jovem.
Sid, resignado subiu pela escada de natação e esperou no píer que o capitão voltasse. À medida que o barco se aproximava, ele ouviu os aplausos dos passageiros.
- "Eles ficaram absolutamente emocionados. Você tem que dar à multidão o que ela quer”, disse ele, e desde então, não fica mais envergonhada se ele cai.
O dia dos carteiros saltadores começa às 7h, quando eles chegam para pegar/entregar a correspondência. A partir daí, eles classificam o correio na cabine dianteira do barco e se preparam para os saltos. Eles cumprimentam os passageiros e sorriem para as fotos, em seguida, tomam seus lugares para planejar o primeiro salto, sabendo o tempo todo que as câmeras estão clicando ou gravando.
Como se trata de uma verdadeira entrega de correio e jornal, às vezes envolve pacotes. Nesse caso, o capitão toca a buzina, alertando o cliente para estar no cais para a transferência. O maior item já entregue? Uma TV de tela plana.
Algumas famílias treinam seus cães para responder à buzina, correr para fora de casa, correr pelo píer e coletar a correspondência, de humano para canino. As câmeras, é claro, enlouquecem.
Por mais divertido que seja pular, é apenas metade do trabalho. Entre as entregas, os saltadores também narram o passeio pelo lago e as mansões e quintas que pontuam o seu perímetro. As casas de verão das famílias ricas mais importantes de Chicago, podem ser melhor vistas da água, e o barco postal fica bem próximo de todos elas.
Às vezes, o carteiro saltador é um assunto de família. Jessa Burling é agora uma estudante do último ano da faculdade cuja mãe, tia e irmão mais velho eram todos carteiros saltadores. Na verdade, ela até já pulou com seu irmão Brad, realizando algumas acrobacias de irmãos para os passageiros. Sua mãe trabalha no escritório da marina desde que se formou na faculdade e, embora não tenha pressionado seus filhos a serem carteiros, ela ficou emocionada com a decisão deles.
- "Tínhamos o mesmo capitão que [nossa mãe tinha] quando ela saltava, então foi um momento de círculo completo para ela", disse Jessa, acrescentando que ser uma carteira saltadora permeou sua vida. - "Quando você começa, é com a intenção de ter um emprego legal de verão, mas quanto mais você narra o passeio para os passageiros, mais valoriza a tradição e mais respeito você adquire pelo passado."
Poucas coisas na tradição do salto em barcos postais mudou nos últimos 100 anos, com uma exceção: a inclusão das mulheres. Elaine Kanelos (foto acima), autora do livro "Mail Jumper!", saltou por dois anos a partir de 1974, quebrando uma tradição de 60 anos de carteiros exclusivamente masculinos.
- "Eu cresci no Lago Genebra e sempre recebíamos nossa correspondência de barco", disse ela. - "Lembro-me de ter seis anos, brincar e nadar, e sempre procurando o barco postal. Foi uma parte tão única e especial da minha vida."
Como caloura de 18 anos na Universidade do Colorado, Elaine escreveu uma carta para Bill Gage, então proprietário da marina, explicando por que ele deveria contratar uma garota.
- "Eu sei que posso fazer isso, insisti. Você deveria dar uma chance a uma garota. E ele deu", lembrou ela. - "O mais legal é que ele tinha exatamente as mesmas expectativas para mim e para os meninos. As únicas instruções do Sr. Bill no primeiro dia: 'Você sabe como funciona. Corre!"
Há cinco anos, a empresa de cruzeiros comemorou seu 100º aniversário e convidou ex-carteiros para voltar a dar um salto. Elaine tinha 60 anos e estava aliviada pelo barco ter demorado muito mais tempo por acomodar mais passageiros. Isso deu a ela mais alguns segundos para saltar, e ela gostou tanto que completou metade dos saltos do passeio naquele dia.
O Lago de Genebra valoriza o salto do barco postal como uma tradição amada, e Elaine faria qualquer coisa para preservá-lo.
- "É tão especial para as pessoas que conseguem vivenciar, chegar tão perto das casas, ter a diversão de ver alguém pular de um barco em movimento. Espero que continue por mais cem anos", conclui ela.
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