Poucas estátuas antigas são tão conhecidas como o Grupo de Laocoonte, também conhecida como Laocoonte e Seus Filhos. Magistralmente esculpida em algum momento entre o primeiro século a.C. e o primeiro século d.C., ela retrata o sacerdote troiano de mesmo nome em uma luta agonizante com as serpentes que matarão um ou ambos os filhos. Os detalhes da história variam dependendo do narrador: Virgílio descreve Laocoonte como um sacerdote de Poseidon que ousou tentar expor o famoso estratagema do Cavalo de Tróia, e Sófocles o descreve como um sacerdote de Apolo que violou seu voto de celibato. |
Seja qual for a versão da história que ouviu, o escultor claramente tirou dela uma inspiração poderosa o suficiente para impressionar Plínio, o Velho, em cuja História Natural a peça figura. O grupo também impressionou Michelangelo, que se inspirou nele para esculpir durante 10 anos a Pietà de Florença, que ele, em estado de fúria, acabou martelando depois.
Mesmo entre os observadores mais artisticamente sofisticados da Renascença, o Grupo de Laocoonte provou ser uma obra cativante. Desenterrado de um vinhedo romano em 1506, parecia ter resistido ao milênio e meio intermediário com muito menos desgaste do que a maioria dos grandes artefatos da antiguidade, embora o próprio Laocoonte estivesse, visivelmente, sem um braço.
Encomendado pelo Papa Júlio II, o arquiteto do Vaticano Donato Bramante realizou um concurso, em 1510, para ver quem poderia apresentar a melhor versão da restauração do braço em cera. Michelangelo sugeriu que o braço perdido de Laocoonte fosse dobrado para trás, como se o sacerdote de Troia estivesse tentando arrancar a serpente de suas costas.
Michelangelo não era o único homem da Renascença na competição: Rafael, que era um parente distante de Bramante, preferia um braço estendido. No final, Jacopo Sansovino foi declarado o vencedor, cuja versão com um braço estendido alinhado com a própria visão de Raphael de como a estátua deveria ser.
Assim, o Grupo de Laocoonte foi eventualmente restaurado em 1532, cerca de duas décadas depois, por Giovanni Antonio Montorsoli, ironicamente um aluno de Michelangelo, com o braço estendido. Esta se tornou a versão padrão da escultura até o século XX quando, em uma estranha reviravolta do destino, um antigo braço dobrado para trás foi descoberto em uma oficina romana em 1906, a poucas centenas de metros de onde o grupo de estátuas fora encontrado quatrocentos antes.
Ludwig Pollak, o arqueólogo que encontrou o braço, notou uma semelhança no estilo artístico com o Grupo de Laocoonte e, suspeitando que se tratava de uma das peças perdidas da escultura, apresentou o braço quebrado ao Museu do Vaticano.
O curador jogou o braço no depósito do museu e prontamente se esqueceu dele, até que foi redescoberto meio século depois. Os furos no braço desmembrado alinhavam-se perfeitamente com os furos correspondentes na estátua, não deixando dúvidas quanto a onde o fragmento pertencia originalmente.
Uma versão do Grupo de Laocoonte com o braço estendido, feito por Baccio Bandinelli em 1520 para presentear Francisco I, Rei da França.
Em 1957, o museu removeu a restauração de Montorsoli e o braço dobrado foi posicionado exatamente como Michelangelo havia sugerido, justificando o argumento do grande escultor italiano muito depois de sua partida, cerca de três séculos e meio tarde demais, infelizmente, para Michelangelo ter dito a Rafael: - "Eu não falei?.
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