Como vive o povo Uros do Lago Titicaca, no Peru

Segundo a lenda, o Lago Titicaca é o local de nascimento dos Incas, mas na verdade é muito mais antigo do que isso. O lago remoto na fronteira do Peru com a Bolívia é o corpo de água navegável mais alto do mundo e tem uma variedade única de flora e fauna, mas o que também é único neste local são as pessoas que vivem lá; o antigo povo Uros, que vive em ilhas feitas de juncos vivos que flutuam ao redor do lago. Eles foram forçados a fixar residência nas ilhas flutuantes quando os Incas se expandiram para suas terras.

O Lago Titicaca fica a um nível casual de 3.812 metros acima do nível do mar e, como tal, é um lugar bastante remoto. Isso não incomoda as cerca de 4.000 pessoas que vivem literalmente no lago. O povo Uros tem uma situação habitacional única, que os leva a construir suas próprias ilhas para viver usando os juncos do lago. Usando camadas de juncos secos de totora, eles os entrelaçam para criar ilhas que são fortes o suficiente para se sustentar, mas leves o suficiente para flutuar.

O propósito original das ilhas era defensivo. Ao longo dos milhares de anos desde que a área foi habitada, as pessoas sempre quiseram morar lá devido à rica fonte de alimentos e água. Ao viver em ilhas flutuantes, quando ameaçados, eles poderiam simplesmente mudar sua localização para outro lugar e escapar.

É uma estratégia que foi claramente bem-sucedida, uma vez que o povo Uros é anterior aos antigos Incas. Eles se consideram donos do lago e de suas águas, e também afirmam ter sangue negro e não sentir frio. Essa parte provavelmente é um mito, mas não há como negar que suas tradições são únicas; do artesanato, da comida, da língua e, claro, das suas casas flutuantes.

As próprias ilhas de junco podem durar até 30 anos, se mantidas de maneira adequada, e isso envolve o processo interminável de adicionar novas camadas de junco quando os juncos abaixo do nível da água começam a apodrecer. É uma tarefa diária para os Uros, mas faz parte de sua vida cotidiana.

Pode parecer primitivo, mas está longe disso. Os alimentos são cozidos em pedras para que os juncos não peguem fogo, existem "ilhas-banheiros" onde as raízes do solo absorvem os resíduos.De fato, apesar do estilo de vida tradicional, os Uros não são contra as comodidades modernas. Algumas famílias têm barcos a motor e algumas cabanas têm até painéis solares para que possam ter luzes, assistir TV e carregar seus telefones.

A ilha principal tem uma estação de rádio que toca música por várias horas todos os dias. As ilhas podem ser alcançadas de qualquer lado do lago, embora Puno, no Peru, seja provavelmente o ponto de acesso mais fácil.

As ilhas maiores são tão robustas que podem acomodar até dez famílias. As menores têm cerca de 30 metros de largura e comportam apenas 2-3 grupos. Mas se cada ilha durar 30 anos e os grupos viverem próximos uns dos outros, o que acontecerá quando houver uma discussão? Bem, eles simplesmente cortam a ilha ao meio e deixam a outra metade com a família flutuar para longe. Uma maneira simples de resolver problemas

O junco totora não é usado apenas para fazer casas e ilhas. Os Uros a utilizam para fazer móveis, barcos, artesanato para vender aos turistas e até como remédio. É que parte da raiz é rica em iodo e importante para sua dieta simples, mas também tem utilidade no alívio da dor e pode ajudar a curar ressacas.

Além da raiz dos juncos, os Uros pescam e caçam pássaros, além de criar patos e porquinhos-da-índia, um prato tradicional do Peru. Um dos principais métodos de obtenção de alimento para as ilhas é pescando. As pessoas são tão únicas quanto a vida selvagem lá, com 90% dos peixes do lago não sendo encontrados em nenhum outro lugar do mundo!

É incrível como essas comunidades locais preservaram suas tradições e modo de vida ao longo dos séculos. Ruínas incas foram encontradas nas ilhas e margens do Lago Titicaca, e uma estrutura de templo foi encontrada recentemente no fundo do lago, mas as únicas pessoas que realmente conhecem a história e as histórias do lago são os Uros.