Museu do Prado altera 4 obras-primas para ilustrar o impacto das mudanças climáticas

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, o aquecimento global provavelmente atingirá 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar na taxa atual. O que isso significa, exatamente? Uma série catastrófica de reações em cadeia, incluindo, mas não se limitando ao aumento do nível do mar e da intensidade e frequência de extremos climáticos, mudança nos ecossistemas terrestres e oceânicos, extremos de temperatura, seca devido a déficits de precipitação e perda e extinção de espécies.

Marta Zafra eleva o nível do mar em "Felipe IV a Caballo" por Velázquez, por volta de 1635.

O Museu do Prado de Madri colaborou com o World Wildlife Fund, escolhendo quatro pinturas a serem alteradas para a Conferência de Mudança Climática de Madri, de 2019. As pinturas da coleção do museu foram modificadas digitalmente para refletir um mundo futuro destruído pela inação. A elevação do nível do mar, rios estéreis e campos de refugiados transformam as obras de pintores europeus em uma campanha para salvar o meio ambiente.

O projeto é intitulado "+ 1,5ºC Lo Cambia Todo", cuja tradução do espanhol significa "+ 1,5ºC muda tudo". Pinturas de três artistas espanhóis (Francisco de Goya, Diego Velázquez e Joaquín Sorolla) e de um pintor renascentista flamengo (Joachim Patinir) foram escolhidos para o projeto pela WWF e por especialistas do museu. Na época, as obras alteradas foram instaladas em outdoors em Madri e compartilhadas online por meio da hashtag #LoCambiaTodo como forma de ampliar e dar continuidade às conversas políticas e sociais por meio da arte.

"El Paso de la Laguna Estigia"

O artista Julio Falagan traz uma seca extrema sobre "El Paso de la Laguna Estigia" (Caronte cruzando o Estige), de Joachim Patinir, 1520-1524.

"Niños en la Playa"

E os "Niños en la Playa" de 1909 por Joaquín Sorolla agora competem por espaço com peixes mortos, por Conspiracy 101.

"El Quitasol"

O guarda-sol que fornece o título para "El Quitasol", de Goya, de 1777, torna-se um guarda-chuva que mal abriga refugiados na reimaginação de Pedro Veloso.

Seria um serviço público se eles estivessem escolhido também o tríptico "O Jardim das Delícias Terrenas de Hieronymus Bosch, que apresenta o paraíso terrestre e o inferno (+ 1,5ºC Lo Cambia Todo) nas asas laterais, para inquietar ainda mais os espectadores sobre o tipo de inferno que logo estaremos enfrentando se não fizermos alguns grandes alterações.