É possível que nas fotografias não se aprecie em toda sua magnitude, mas o Monumento do Leão Moribundo de Lucerna, na Suíça, tem dimensões colossais. Só a imagem do felino mede 9 metros de comprimento, e a gruta na qual está inscrito tem 6 metros de altura por 13 de largura. O monumento foi escavado em um penhasco de rocha calcária sobre o Jardim dos Glaciares, situado ao leste da antiga cidade medieval. |
Ele comemora os 760 guardas suíços que foram massacrados em 1792 durante a Revolução Francesa, quando os revolucionários invadiram o Palácio das Tulherias em Paris.
Apesar de que em um primeiro momento ele foi criticado por ser uma apologia do absolutismo, em realidade inclui certa crítica sutil, e em qualquer caso com o tempo se tornou mais em um símbolo dos valores suíços do que um lembrete daqueles Guardas falecidos.
A ideia da criação do monumento partiu do tenente Carl Pfyffer von Altishofen, pertencente ao regimento massacrado, e que se encontrava de folga em Lucerna no momento do assalto. Foi ele quem convenceu o famoso escultor neoclássico dinamarquês Bertel Thorvaldsen para que desenhasse um projeto, pelo módico preço de 300 escudos.
O relevo deveria representar um leão moribundo rodeado de armas avariadas, simbolizando a força e vontade dos soldados, bem como sua vontade de morrer antes do que trair seu juramento.
No entanto os trabalhos de criação do molde se atrasaram devido à grande carga de trabalho do escultor, e a diferentes períodos de doença e outros problemas pessoais. A urgência dos suíços terminou por irritar Thorvaldsen que acabou deteriorando a relação entre cliente e artista.
Finalmente o molde de gesso foi terminado e entregue em agosto de 1819, e Thorvaldsen recebeu o pagamento prometido. Ainda que parece que nem tudo, ou pelo menos não tudo o que esperava. A verdade é que Pfyffer não tinha conseguido arrecadar dinheiro suficiente, devido a desinteresse dos cidadãos com o monumento.
Thorvaldsen, irritado, quis deixar claro seu desacordo. Mas em vez de modificar o modelo de gesso do leão, talvez por respeito àqueles a quem comemorava, o que fez foi modificar a cavidade em que jazeria, lhe dando a forma de um porco.
O encarregado de talhar o leão na parede seguindo o modelo foi o escultor suíço Pankraz Eggensschwyler, que começou o trabalho em 19 de agosto desse mesmo ano. Com tão má sorte que poucas semanas depois caiu do andaime e faleceu. Foi então substituído pelo alemão Lucas Ahorn, que finalizou a talha em 7 de agosto de 1821. O monumento foi inaugurado três dias mais tarde, no 29° aniversário do assalto ao Palácio das Tulherias.
Durante o trabalho parece que ninguém percebeu a singular forma da cavidade, e de fato a mensagem de Thorvaldsen é tão sutil que provavelmente um observador moderno também não perceberia antes de ser advertido.
Hoje em dia o leão representa a valentia e a coragem dos soldados, ficando a monarquia representada pelo escudo da França em um papel não especialmente glorioso, já que não protege a si mesmo, senão que se deixa proteger pelo leão.
Na parte superior do monumento há uma inscrição em latim: "Helvetiorum Fidei ac Virtuti" ("À lealdade e valentia dos suíços"). E na parte inferior dispõem os nomes dos soldados mortos, bem como o número aproximado de falecidos (760) e de sobreviventes (350).
Mark Twain qualificou o monumento como o mais triste e comovente peça de rocha do mundo. E no cemitério de Oakland, Atlanta, nos Estados Unidos, há um túmulo do soldado desconhecido da Confederação (acima), sobre a qual existe uma cópia (está mais para caricatura) do Leão de Lucerna, que foi feito 73 anos depois.
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