A maioria das plantas que você vê na natureza são frondosas e verdes, pelo menos durante parte de suas vidas. Isso porque elas usam pigmentos verdes, chamados clorofila, para coletar energia da luz solar. Mas a trufa-de-chacal (Hydnora africana), autóctone do sul da África, não tem folhas ou clorofila. Então, como ela pode sobreviver? Bem, é uma holoparasita e depende completamente de outra planta, chamada Euphorbia dregeana, uma suculenta da mesma família da mamona. Em botânica, o holoparasitismo se refere a uma planta que não realiza fotossíntese e que retira todos os nutrientes de que necessita da planta hospedeira. |
A trufa-de-chacal se liga às raízes da euphorbia e começa a sugar açúcares, minerais e água de sua hospedeira. A parasita desenvolve um sistema radicular, vivendo completamente no subsolo, até que esteja pronta para se reproduzir.
Nesse ponto, cresce ainda no subsolo uma das flores com a aparência mais estranha do mundo. E quando a flor amadurece, ela explode sob o solo para ser polinizada. Mas assim como esta planta não se parece com uma flor comum, também não cheira como uma. Cheira a carcaça de animal em decomposição.
Na verdade, algumas espécies do gênero Hydnora se tornam mais quentes para aumentar a distância que o cheiro viaja. O odor atrai besouros e moscas em busca de uma refeição deliciosa de carne podre. Mas quando eles rastejam para dentro da flor e não encontram nenhuma guloseima, não conseguem sair, pois há uma espécie de câmara dentro da flor, e o topo da câmara se fecha atrás dos insetos.
As paredes da flor também são escorregadias, dificultando ainda mais a fuga. Ao longo de cerca de um dia, os órgãos masculinos da flor amadurecem e os insetos ficam cobertos de pólen. E ao final dessa transformação, o interior da planta fica menos escorregadio e a câmara se abre, permitindo que os besouros e as moscas escapem.
Nesse ponto, atraídos por um nova fedentina, eles correm para encontrar outra trufa-de-chacal e polinizá-la quando caírem dentro de sua câmara. Depois que uma flor é polinizada, começa a brotar um fruto (foto abaixo) no subsolo. Ato seguido, os animais comem a fruta e acabam espalhando as sementes da Hydnora, dando início a uma nova geração de parasitas.
Os chacais acham as frutas particularmente saborosas (daí o nome), mas os humanos também gostam delas! E para uma planta que parece e cheira tão mal, supostamente tem um gosto de iogurte de morango!
De qualquer forma, qualquer um que queira cultivar "iogurte de morango" no quintal de casa, pode desistir. Ninguém até hoje conseguiu germinar suas sementes em laboratório. Obviamente, temos muito mais a aprender sobre essas estranhas parasitas, afinal, elas vivem no subsolo a maior parte da vida, o que as torna extremamente difíceis de encontrar.
Só para que se tenha uma ideia da dificuldade de encontrá-la, duas das oito espécies de Hydnora já foram, uma vez, consideradas extintas até serem redescobertas quando emergiram para florescer.
A flor da Hydnora triceps, por exemplo, raramente emerge do solo. A flor apenas abre a crosta de areia do deserto onde cresce e atrai insetos com seu cheiro. Descoberta em 1830, no começo dos anos 1900 foi considerada extinta só para ser descoberta de novo em 1988 pelo botânico Johann Visser.
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